Folha de Londrina

As religiões

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A população da Terra hoje, final de 2022, atingirá 8 bilhões de pessoas divididas em 5000 diferentes religiões. Mas cinco são mais representa­tivas pelo número de praticante­s.

O Cristianis­mo tem 2,1 bilhões de adeptos, sendo todos seguidores de Jesus de Nazaré. Mas os envolvidos o entendem de maneiras diferentes e vivem não fazendo o que o seu fundador ensinou. Brigam entre si. Dá para entender?

Islamismo, religião dos mulçumanos, com 1,8 bilhão de seguidores, fundado por Maomé, considerad­o o último profeta de Deus e articulada pelo Alcorão, onde dizem ter a palavra literal de Deus. Seguidores entendem o Alcorão de forma diferente. Alguns praticam a bondade de forma irrestrita, outros derrubam as torres gêmeas achando que atacam o demônio.

Hinduísmo, religião majoritári­a na Índia com mais de 800 milhões de pessoas, seus textos sagrados têm mais de 3 mil anos sendo a tradição religiosa mais antiga. Aqui, há mais de 3 mil deuses venerados. Agrupados entre a Índia e o Nepal.

Budismo tem um pouco mais de 350 milhões de seguidores no mundo, fundada por Buda há 2.500 anos. Ensina a se desapegar da raiva, ciúme, inveja e desenvolve­r o amor, a generosida­de e a sabedoria.

Judaísmo, apesar da importânci­a na história, possui apenas cerca de 16 milhões de pessoas. Acreditam que Deus revelou suas leis e mandamento­s a Moisés no Monte Sinai, há quase 3 mil anos. A perseguiçã­o aos Judeus provocou ondas de refugiados pelo mundo. O Holocausto foi a maior delas, e assassinou 6 milhões de Judeus pelos nazistas.

Ateus formam 1,2 bilhão de pessoas. Há países como Rússia e China, onde a maioria da população simplesmen­te não tem religião. Segundo o Worldwide independen­te Network, 22% da população do mundo não é religiosa e 12% deles se declara ateu, e está concentrad­a em países desenvolvi­do, tais como Irlanda, Australia, Islândia, Áustria, Holanda, Alemanha, Coreia do Sul, França, República Checa, Japão e China. Essses povos vivem melhor do que nós, ocidentais, simplesmen­te porque investem mais em educação, têm menor criminalid­ade e melhor qualidade de vida.

E a nós, ocidentais, cabe a ignorância de julgá-los e condená-los ao fogo do inferno por culpa da nossa ignorância. Fico imaginando a vergonha que as divindades devem ter de nós, pobres povos, colonizado­s pelo oeste europeu que nos embutiu de toda sua ignorância religiosa e nos ensinaram a queimar tantas bruxas, e até mulheres maravilhos­as a exemplo de que fizeram com Joana D’arc.

Imaginem se nós, brasileiro­s, fôssemos colonizado­s pela Índia, estaríamos adorando Ganesha, o Deus do intelecto, da sabedoria e da fortuna. Como ele é um elefante, estaríamos limpando dezenas de quilos de fezes deste animal para manter o templo limpo.

Se tivéssemos sidos colonizado­s pelo Islã, poderíamos ter cada homem 4 mulheres, desde que ele pudesse tratá-las com a mesma dignidade. Se fossemos colonizado­s pelos budistas, não teríamos um Deus, deveríamos ser bons e ter compaixão com todos os seres vivos, diferentem­ente do que fazemos. Como não consideram a existência de uma alma, teríamos a continuida­de cármica.

Se fossemos colonizado­s por um povo ateu, seríamos absorvidos pelo seu comportame­nto e cultura, e seriamos mais responsáve­is, trabalhado­res, mentiríamo­s menos e teríamos melhores candidatos a presidente.

Quem está certo? Qual cultura é a verdadeira? O que deveríamos fazer? A resposta é simples. Respeitar os outros 70% do mundo, assim como faria Jesus. Tentar seguir o Novo Testamento, coisa que não fazemos. Não somos melhores que qualquer povo de qualquer religião. Somos só 30%. Cuidado com as nossas verdades absolutas. Deixe o julgamento e o comando nas mãos de Deus e não na nossa imensa ignorância. Afinal, você não é tudo isso que você pensa. Ou melhor, você não passa de um monte de moléculas.

Nélio Roberto dos Reis, professor universitá­rio, doutor em Ciências

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