Bolsonaro volta ao Planalto após 20 dias de ausência
O presidente não ia até o seu local de trabalho desde o dia 3 de novembro, quando se reuniu rapidamente com o vice-presidente eleito, Geraldo Alckmin
O presidente Jair Bolsonaro (PL) voltou ao seu local de trabalho, o Palácio do Planalto, nesta quarta-feira (23), um dia após o PL apresentar um relatório golpista em que pede a invalidação de votos depositados em urnas de modelos anteriores a 2020.
O mandatário não ia até o Planalto desde o dia 3 de novembro, quando se reuniu rapidamente com o vice-presidente eleito, Geraldo Alckmin (PSB).
Ele não ficou muito tempo no palácio. O presidente da República chegou ao Planalto por volta das 9h e ficou no local pouco mais de 5 horas - até as 14h.
Nesse período, seu único compromisso foi uma agenda com o senador Rogério Marinho (PL-RN), entre 11h30 e 12h. Inicialmente, o encontro estava previsto para acontecer no Palácio da Alvorada, a residência oficial dos presidentes. Depois, o local foi alterado na agenda oficial de Bolsonaro.
Ao sair do Palácio do Planalto, Bolsonaro voltou para o Alvorada.
O chefe do Executivo, de perfil verborrágico e que nunca hesitou em comprar brigas contra adversários, mudou de perfil após a derrota para o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Ele adotou o silêncio e fez apenas dois pronunciamentos depois da vitória petista nas urnas.
Nesse período, seus apoiadores bloquearam rodovias e se reuniram em frente a quartéis para pedir intervenção militar para evitar a posse de Lula. Bolsonaro criticou as estradas fechadas, mas não desestimulou protestos golpistas contra o resultado eleitoral.
INVALIDAÇÃO DOS VOTOS
Na terça, o presidente do
PL, Valdemar Costa Neto, cedeu à pressão da ala mais radical do partido e apresentou uma ação ao TSE em que endossa o discurso golpista de Bolsonaro e pediu invalidação dos votos depositados em parte das urnas eletrônicas.
De acordo com o partido, mais de 279,3 mil urnas eletrônicas utilizadas no segundo turno do pleito “apresentaram problemas crônicos de desconformidade irreparável no seu funcionamento”. Para as atuais eleições, a Justiça Eleitoral disponibilizou cerca de 577 mil equipamentos.
O PL diz que nos equipamentos sem a alegada inconsistência Bolsonaro teria tido 51,05% dos votos válidos, contra 48,95% do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva. No resultado final, o petista teve 50,9% dos votos, e o presidente teve 49,1%.
ALIADOS
Também na terça-feira, Bolsonaro recebeu aliados a portas fechadas no Alvorada.
Estiveram no local o ministro-chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira, a ex-ministra da Agricultura Tereza Cristina, senadora eleita pelo PPMS e senadores da base do presidente.
Durante sua reclusão no Alvorada, Bolsonaro delegou ao vice Hamilton Mourão as tarefas do dia a dia.
No último dia 16, por exemplo, foi Mourão quem recebeu cartas credenciais de embaixadores estrangeiros que irão atuar no Brasil.