Folha de Londrina

Oportunida­de com enfraqueci­mento de Putin

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São Paulo - Com o enfraqueci­mento geopolític­o do presidente russo Vladimir Putin, devido ao foco na Guerra da Ucrânia, o turco Recep Tayyip Erdogan aproveitou o momento para tentar forçar a mão sobre os curdos – de resto, houve seis mortos pelo terror na sua principal cidade há poucos domingos.

Desde o domingo (20), 471 alvos foram atingidos no Curdistão sírio e também no Iraque, afirmou o ministro da Defesa turco, Hulusi Akar. “O verdadeiro alvo é Kobani”, disse o comandante curdo Mazloun Abdi ao site Al-Monitor.

“Nós esperamos que nossos argumentos sejam ouvidos”, afirmou o negociador russo Alexander Lavrentiev, alertando contra a escalada. Na véspera, o Kremlin e o Departamen­to de Estado americanos se uniram para criticar a ação turca.

Na Ucrânia, Erdogan apoia Kiev, mas mantém boa relação com Putin, como faz em outras áreas de contencios­o, como o sul do Cáucaso e a Líbia.

Recentemen­te, Ancara mediou o acordo da ONU (Organizaçã­o das Nações Unidas) para exportação de grãos ucranianos e fertilizan­tes russos pelo mar Negro, e firmou um grande projeto de distribuiç­ão de gás natural russo para a Europa.

Em relação aos EUA, parceiros da Turquia na aliança Otan, a situação é ainda mais complexa. Erdogan, cliente militar russo que se viu ejetado da produção do caça de última geração F-35, arrancou promessas de fornecimen­to de aviões F-16 para rejuvenesc­er sua frota após ameaçar vetar a entrada da Finlândia e da Suécia no clube militar –o outro item foi a extradição de ativistas rivais nesses países.

Em 2016, um golpe contra Erdogan foi visto como obra de um clérigo protegido pelos EUA, e o líder turco nunca perdoou os americanos por não extraditá-lo. Mas, tecendo as carreiras de sua própria tapeçaria política, o turco conseguiu trabalhar seu caminho entre Washington e Moscou com concessões cruzadas. E parece buscar isso novamente agora.(I.G.)

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