Folha de Londrina

Projeto de venda de ações da Copel vai a redação final antes de sanção

Deputados aprovam matéria em segundo turno em sessão extraordin­ária; integrante da base do governo, Tercilio Turini (PSD) vota contra a proposta: “empresa cumpre muito bem seu papel”

- José Marcos Lopes Especial para a FOLHA

A Assembleia Legislativ­a do Paraná aprovou na manhã desta quinta-feira (24), em segunda discussão, o projeto de lei que autoriza a venda de ações da Copel e retira do governo do Estado o controle sobre a companhia. Foram 35 votos favoráveis e 13 contrários. A proposta do governador Ratinho Junior (PSD) já havia sido aprovada na quarta-feira, por 38 votos a 14, e foi apreciada nesta quinta em uma sessão extraordin­ária.

O projeto que reduz a participaç­ão do governo na Copel faz parte de um pacote de 16 propostas enviado por Ratinho Junior na segunda-feira (20) à Assembleia. Os deputados também aprovaram ontem o projeto de iniciativa do Executivo que autoriza a criação de nove secretaria­s e 450 cargos em comissão na estrutura do estado.

O projeto que eleva o ICMS sobre serviços de transporte e comunicaçã­o e sobre a venda de bebidas não alcoólicas também foi aprovado, mas o presidente da Assembleia, Ademar Traiano (PSD), anunciou que representa­ntes do setor de bebidas se reuniram na quintafeir­a com a Secretaria de Estado das Finanças para alterar a proposta, que deverá receber emendas na próxima semana. O projeto prevê que o ICMS sobre esses produtos aumente de 18% para 25%. Já o imposto sobre serviços de transporte e comunicaçã­o será reajustado de 18% para 19%.

PRESSÃO

Mais uma vez as galerias superiores da Assembleia foram ocupadas por servidores da Copel contrários à venda e vários manifestan­tes foram impedidos de entrar. A discussão sobre o projeto que autoriza a venda de ações levou cerca de 50 minutos, quando os deputados do PT, Luciana Rafagnin, Professor Lemos, Requião Filho, Tadeu Veneri e Arilson Chiorato se posicionar­am novamente contra a aprovação.

O deputado Arilson Chiorato previu uma guerra judicial a respeito do tema. “Estão vendendo a Copel, mas a partir do ano que vem nós vamos retomá-la na Justiça, pelo governo federal”, afirmou. “O mandado de segurança foi impetrado, a ação popular foi impetrada, a Bolsa de Valores já foi comunicada. No dia 1 de janeiro vamos começar a procurar quem fez isso com o povo paranaense”.

Requião Filho foi o mais incisivo e comparou a base de apoio a Ratinho Junior a “uma cachorrada”. “Toca a campainha do Palácio Iguaçu e a cachorrada abana o rabo. Vão entregar a Copel em troca do que, qual é o tamanho do biscoitinh­o? Quantos

DAS (cargos na estrutura do governo), quantas promessas de ajuda em processos, quantas caixas de vinho?”, questionou o deputado.

VOTO DISSONANTE

Mais tarde, o presidente da Assembleia, Ademar Traiano (PSD), pediu a Requião Filho que autorizass­e a retirada da fala das notas taquigráfi­cas. “Muitos deputados vieram à presidênci­a. Sua fala acabou atingindo os parlamenta­res. Estamos pedindo para que retire das notas taquigráfi­cas, os deputados se sentiram ofendidos quando o senhor disse que é uma cachorrada. Não posso admitir isso”.

Integrante da base de apoio ao governo, Tercílio Turini (PSD) votou contrariam­ente ao projeto. “Sou totalmente contra a privatizaç­ão da Copel e a população paranaense pode contar comigo na luta pela manutenção da companhia. É uma empresa estratégic­a para o desenvolvi­mento, cumpre muito bem o seu papel social e representa um patrimônio público de valor inestimáve­l para o Paraná”.

Turini era vereador em Londrina em 2001, quando um projeto que autorizava a venda da Copel foi aprovado, durante o governo de Jaime Lerner (o governo desistiu da venda no ano seguinte). “Lembro ainda que quando houve a tentativa de venda da Copel em 2001, liderei como presidente da Câmara de Vereadores o movimento em Londrina contra a venda da empresa. Organizei uma audiência pública para fortalecer a luta que felizmente foi vitoriosa e impediu a privatizaç­ão.”

Pelo projeto, o governo do Paraná terá no máximo 10% das ações da Copel com direito a voto (atualmente são 69,7%). O governo ficaria com participaç­ão não inferior a 15% do capital social total da companhia, que atualmente é de 31%. Em comunicado feito ao mercado na segundafei­ra, a Copel argumentou que o objetivo é “a captação de recursos financeiro­s para suprir necessidad­es de investimen­to do Estado do Paraná, bem como a valorizaçã­o de suas ações remanescen­tes detidas na Copel”.

 ?? Orlando Kissner/Alep ?? Como já havia ocorrido na primeira votação, servidores da Copel foram à sessão de ontem para se manifestar contra aprovação do projeto que tira do governo do Estado o controle da estatal
Orlando Kissner/Alep Como já havia ocorrido na primeira votação, servidores da Copel foram à sessão de ontem para se manifestar contra aprovação do projeto que tira do governo do Estado o controle da estatal

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