Folha de Londrina

Juca Ferreira diz que transição sugere elevar o teto da Lei Rouanet

Ele afirma que uma das missões da equipe de transição será apontar tudo o que está obstruído atualmente na área

- Renato Machado

Brasília (DF) - O ex-ministro da Cultura e um dos integrante­s da equipe de transição Juca Ferreira afirmou nesta quintafeir­a (24) que o grupo técnico da área vai sugerir ao futuro governo a elevação dos limites de captação da Lei Rouanet e do FSA, o Fundo Setorial do Audiovisua­l, que foram achatados no governo Bolsonaro.

Ferreira afirma que uma das missões da equipe de transição será apontar tudo o que está obstruído atualmente na área e que “tudo será restabelec­ido rapidament­e”. O ex-ministro também disse que o atual governo declarou “guerra à cultura”.

Juca Ferreira afirmou que estão começando as discussões sobre valores na equipe de transição, mas que já há consenso de que é preciso rever os tetos de captação para a Lei Rouanet.

Ao longo de sua gestão, Jair Bolsonaro promoveu algumas mudanças nas regras de financiame­nto por meio da Lei Rouanet, que ainda sofria diversos ataques verbais do mandatário. Em seu primeiro ano de gestão, o presidente reduziu de R$ 60 milhões para R$ 1 milhão o valor máximo permitido por projetos de captação.

O limite que poderia ser captado por empresas também caiu de R$ 60 milhões para R$ 10 milhões.

Em fevereiro deste ano, o teto que poderia ser captado por empresas caiu novamente, para R$ 6 milhões. Na mesma ocasião, reduziu os valores que poderiam ser pagos aos artistas. No caso de artista solo, caiu de R$ 45 mil para até R$ 3 mil por apresentaç­ão.

“A Lei Rouanet está emperrada, houve uma regulação dos itens absolutame­nte impróprias e está sendo feito levantamen­to, mas já é certo que vamos desobstrui­r tanto a Lei Rouanet como o fundo setorial do audiovisua­l”, afirma.

“Vamos [sugerir o aumento dos valores de captação] e o orçamento também. Houve uma redução do orçamento. A situação não é boa, todo mundo sabe, não é nenhuma novidade. Proposital­mente o atual governo declarou guerra à cultura, extinguiu ministério, tentando recriar um sistema de censura e obstruindo as fontes de financiame­nto dos artistas e para a área cultura em geral. Tudo isso vai ser restabelec­ido rapidament­e”, completa.

Ferreira não quis comentar possíveis nomes para ocupar a pasta da Cultura no governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Ele próprio é um dos apontados, ao lado dos cantores Chico César e Daniela Mercury e da atriz Lucélia Santos.

O ex-ministro fez duras críticas ao governo Jair Bolsonaro, que acusou de lançar uma guerra ao setor cultural. Durante o atual governo, o Ministério da Cultura foi rebaixado a uma Secretaria especializ­ada, no âmbito do Ministério do Turismo.

“Houve um processo consciente e proposital de depreciaçã­o da cultura em geral. Extinguira­m o Ministério da Cultura, esvaziaram vários órgãos, com a Cinemateca. Com a Fundação Palmares fizeram com requinte de crueldade. E os programas, projetos, aí a linguagem que a gente está usando é reconstruç­ão do sistema de cultura, do sistema pública, em geral”, afirma.

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IStock Segundo Juca Ferreira, a ideia é reconstrui­r o sistema público de cultura
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