Folha de Londrina

Governo determina manutenção de operações nas fronteiras

Anúncio foi feito após a equipe de transição citar suspensão por falta de verba

- Mateus Vargas

Brasília - O governo Jair Bolsonaro (PL) determinou nesta quarta-feira (23) a adoção de todas as medidas necessária­s para garantir a continuida­de do programa Guardiões das Fronteiras.

A decisão ocorreu horas após a equipe de transição do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), informar que havia sido alertada por secretário­s de segurança e por representa­ntes das polícias sobre a suspensão das operações por falta de verba.

Em despacho assinado na noite de quarta, o ministro da Justiça e Segurança Pública, Anderson Torres, determinou ao secretário de Operações Integradas da pasta “que adote todas as medidas necessária­s para a continuida­de do referido programa”.

No mesmo documento, Torres citou “informação obtida” durante reunião do Consesp (Conselho Nacional dos Secretário­s de Segurança Pública) sobre “eventual suspensão” das operações.

O programa Guardiões da Fronteira mobiliza equipes estaduais das polícias militar e civil, além de agentes da Polícia Federal e de outras instituiçõ­es para combater o tráfico de drogas e outros crimes nas fronteiras.

Em entrevista à imprensa na quarta, a equipe de transição de Lula disse que não havia verba para pagar diárias dos agentes e manter essas ações.

“O Ministério da Justiça suspendeu esse programa, e há clamor dos estados, sobretudo daqueles da Amazônia, sobre a garantia dos recursos para garantir o programa, que não seja suspenso em face da interrupçã­o do pagamento das diárias”, disse o senador eleito Flávio Dino (PSB-MA), que coordena o grupo de justiça e segurança pública na transição. Dino é cotado para assumir o Ministério da Justiça no governo Lula.

A equipe de Lula ainda afirma que o Orçamento de 2022 deve ser reforçado em R$ 200 milhões para garantir a exe

Decisão consta em despacho assinado pelo ministro da Justiça e Segurança Pública, Anderson Torres

cução de serviços básicos da PF (Polícia Federal) e da PRF (Polícia Rodoviária Federal), como a emissão de passaporte­s e operações de segurança e controle de fronteiras.

A falta de verba ameaça a segurança da posse de Lula, marcada para 1º de janeiro, disse ainda Dino.

O senador eleito afirmou que a transição ainda calcula que são necessário­s mais R$ 500 milhões ao orçamento do Ministério da Justiça e da Segurança

Pública previsto para 2023 para evitar a interrupçã­o de serviços.

“As somas dessas informaçõe­s, ou seja, falta de diária, falta de dinheiro para manutenção de viaturas, o programa Guardiões das Fronteiras está interrompi­do, passaporte, significa que temos um caminho de uma crise sistêmica, porque ainda temos 40 dias até primeiro de janeiro”, declarou ainda o senador eleito.

Coordenado­r dos grupos técnicos da transição, Aloizio Mercadante disse que não há como pôr técnicos e agentes das polícias “na linha de frente” do combate ao crime nas fronteiras sem verba para diárias e outras despesas.

“Qual a gravidade disso? Essa droga chega aos centros urbanos, fortalece as organizaçõ­es criminosas”, disse Mercadante.

As medidas de controle de fronteiras, que ocorrem no âmbito da Operação Hórus, são apresentad­as pelo governo como política pública de sucesso. A gestão atual ainda tem como uma das bandeiras o combate às drogas.

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Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil

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