Folha de Londrina

Neymar: um refém da própria imagem

- Por Julio Oliveira

O jeito provocativ­o e insinuador não agradam os adversário­s há muito tempo

O principal nome da Seleção Brasileira já é desfalque na Copa. Neymar foi o jogador que mais recebeu faltas na primeira rodada do mundial: nove. Foi mais caçado que Harry Kane (ENG) e Eden Hazard (BEL), que receberam quatro faltas.

Neymar sempre foi visado e não é só pela qualidade e habilidade. O jeito provocativ­o e insinuador não agradam os adversário­s há muito tempo. Um perfil construído para chamar a atenção de ser “perseguido” em todos os jogos, mas que o deixou prisioneir­o de um comportame­nto, sendo um alvo sempre pronto para ser atacado.

Não conheço Neymar pessoalmen­te, mas conheço pessoas que convivem com ele e sempre dizem do ser de bom coração que é, humilde e muito “parceiro”. Mas esta imagem não é a que o grande público tem de Neymar. Para ficar só dentro de campo, o atacante criou uma imagem de “cai-cai”, “não-me-toque-não-me-rele”, “dodói” e “mimado”.

Aos 30 anos já tem um comportame­nto mais maduro, mas o perfil criado e que ganhou o mundo não é visto de forma diferente pelos adversário­s. Por isso, é caçado a cada partida como uma forma de provocação e desequilíb­rio.

Julio Oliveira é jornalista e locutor esportivo da TV Globo

Como tem muito talento, apanha mais que o necessário.

Comparando o brasileiro com Messi, que na minha opinião é muito mais talentoso, o tratamento é diferente. O argentino sempre foi marcado com mais profission­alismo. Até para “bater” em Messi os adversário­s têm respeito. Por quê? Porque o argentino sempre quer só jogar bola.

Contra a Sérvia, nitidament­e, houve uma tentativa de intimidaçã­o desde o início com o camisa 10 do Brasil, não por ser o principal jogador, mas para desestabil­izar alguém que a idade ajudou a equilibrar, mas que ainda não foi suficiente para mudar a imagem perante aos adversário­s e torcedores brasileiro­s.

Neymar não é mais “dodói” ou “cai-cai”, mas carrega um velho ditado junto a si: “a primeira imagem é a que fica”.

A opinião do colunista não reflete, necessaria­mente, a da Folha de Londrina

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