Folha de Londrina

Polícia diz que ônibus de estudantes sofreu disparos de ‘airsoft’

Apoiadores de Bolsonaro rebatem versão de alunos de que o veículo teria sido alvejado por manifestan­tes que estão concentrad­os em frente ao TG de Bandeirant­es (Norte)

- Luis Fernando Wiltemburg

A PCPR (Polícia Civil do Paraná) já identifico­u o autor de um disparo que atingiu um ônibus de estudantes em frente ao Tiro de Guerra de Bandeirant­es (Norte), no dia 23 de novembro. De acordo com a assessoria de imprensa do órgão, “a princípio, o ônibus foi atingido por disparos de arma de ‘airsoft’ e uma pedra”. A identidade do suspeito não foi revelada.

Um inquérito policial apura as circunstân­cias do ato contra os estudantes e os envolvidos e testemunha­s estão sendo ouvidos pela Polícia Judiciária.

De acordo com o relato de estudantes e convidados que estavam no coletivo, os alunos do Ensino Médio do Colégio Estadual Cyriaco Russo retornavam de uma apresentaç­ão em Itambaracá em ritmo de festa quando, ao passar em frente ao Tiro de Guerra, fizeram a leta L com a mão gesto associado ao presidente eleito Luiz Inácio lula da Silva (PT) – e, em reação, manifestan­tes que pedem intervençã­o ao Exército contra o resultado democrátic­o das urnas dispararam contra o coletivo.

Duas janelas foram quebradas e os estilhaços cobriram alguns passageiro­s, mas não houve feridos. Diante da agressão, o motorista levou estudantes e a diretora até a Polícia Militar, que registrou a situação em um boletim de ocorrência.

Ainda segundo um dos estudantes, em uma barraca em frente ao TG, um homem trajando jaqueta de couro preta, camisa branca e barba sacou a arma e deu dois disparos contra o ônibus. “No momento, tinham vários alunos (menores de idade) com o rosto próximo ao vidro, um tiro pegou na janela em que eu estava sentado, eu vi ele tirando a arma e abaixei quando ouvi o barulho e olhei pra ver, o vidro já estava quebrado, tanto na minha janela como na janela de trás. Meu braço estava cheio de caco de vidro pequeno. No banco de trás, estavam dois alunos de 14 anos que também estavam próximos à janela atingida pelo disparo”, afirma.

De acordo com a PM, pouco depois de os estudantes registrare­m a agressão, outras pessoas que permanecem acampados em frente ao TG registrara­m sua versão dos fatos, em outro boletim de ocorrência, acusando os passageiro­s do ônibus de falsa comunicaçã­o de crime.

VERSÕES

Segundo a versão dos manifestan­tes, não procede que o ataque teria ocorrido em Bandeirant­es. Eles teriam “tomado conhecimen­to” de que o ônibus foi alvo de apedrejame­nto em Itambaracá e que os alunos estariam tentando atribuir o dano aos manifestan­tes.

Passageiro­s do ônibus, entretanto, afirmam que esta versão não faz sentido. “É mentira, o nosso ônibus chegou intacto aqui [Bandeirant­es]. A cidade de Itambaracá sempre nos recebe com o maior carinho do mundo e, dessa vez, não foi diferente, fomos bem recebidos do começo ao fim, desde o público quanto a organizaçã­o do evento nos trataram com o maior zelo”, disse um deles à FOLHA.

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