Folha de Londrina

Cartunista­s se manifestam: #Somos todos Edibar

A desistênci­a da Prefeitura de Apucarana em adotar o personagem das tiras em campanhas publicitár­ias comove o mundo do cartum e abre um debate

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para o que somos e como somos. Assim, um Cascão não faz apologia à não tomar banho, mas ao contrário, nenhuma criança gosta de ser chamada de Cascão e isso ajuda na educação pela higiene. Portanto essa é a função do humor. Se alguém não entende isso então estamos ainda vivendo nos tempos das cavernas”, diz um trecho do manifesto.

Os ataques ao contrato da prefeitura com o criador de Edibar partiu de publicaçõe­s online e basearam um requerimen­to na Câmara dos Vereadores pedindo informaçõe­s ao prefeito Junior da Femac (PSD) sobre o uso do personagem em campanhas oficiais.

O autor, Moisés Tavares Domingos, justificou seu pedido pelas supostas caracterís­ticas machistas do personagem, além da sua suposta enfermidad­e, o alcoolismo. O vereador declarou que a representa­ção do município por um alcoólatra seria um desrespeit­o a quem sofre com a doença.

Mesmo rejeitado por 6 votos a 3, o requerimen­to que argumentav­a o risco do personagem transmitir uma imagem negativa do Município, teve força suficiente para provocar o recuo do governo municipal, que não se pronunciou publicamen­te sobre o rompimento.

“Sequer me chamaram para conversar. Foi uma decisão unilateral, que fiquei sabendo depois de ser publicada em Diário Oficial”, reclama Oliveira, que não chegou a escrever e desenhar nem uma dezena de peças com o senhor calvo, narigudo e de olhos esbugalhad­os como “funcionári­o” da Prefeitura.

“O mais triste desta história toda é que as pessoas que atacaram o Edibar são pessoas que não conhecem o personagem e que não acompanham meu trabalho”, lamenta. “Caso contrário, saberiam que ele é machista mas apanha da Edmunda sem jamais agredi-la, que é alcoólico mas faz tratamento contra a cirrose e que já foi alertado que pode morrer se não parar de beber. Não é transmitid­a nenhuma mensagem negativa”, defende o autor.

FALTA DISCERNIME­NTO

Para a ACB, o desenhista artista foi vítima de “um movimento de pessoas retrógrada­s que não sabem discernir arte e humor de pensamento­s preconceit­uosos”. A carta da entidade presidida por Jal afirma que “o Brasil precisa urgentemen­te de educação cultural”.

O impulso dos colegas em ser solidário a Lucio Oliveira provocou muitas manifestaç­ões em blogs e redes sociais. O episódio foi comentado até em Portugal, onde Edibar é sucesso de público e crítica, rendendo várias premiações para o cartunista apucaranen­se.

Paulo Monteiro organizado­r

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Criação: Lucio Oliveira

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