Estado produz 40 mil toneladas do minas artesanal por ano
Minas Gerais possui cerca de 30 mil produtores de queijo, sendo que cerca de 9.000 produzem o minas artesanal, gerando um volume aproximado de 40 mil toneladas por ano. Alyrio Campos é produtor na cidade do Serro, localizada a cerca de 230 km de Belo Horizonte. Ele mantém a tradição familiar que foi passada de seu bisavô para seu avô, seu pai e, hoje, para ele.
O filho de Campos também já ajuda na produção. “Os portugueses vieram para a região com a descoberta do ouro e tradição queijeira veio de Portugal para suprir a necessidade deles. O ouro acabou e ficou-se o queijo no lugar. Hoje ele é o nosso ouro. Aqui no Serro, basicamente a economia gira em torno do queijo”, diz Alyrio.
Os queijos passam dois dias na forma e depois vão para a sala de maturação, onde ficam por pelo menos 30 dias. O tempo de maturação varia de acordo com o gosto dos consumidores. Para Alyrio, o tempo ideal é de 30 a 60 dias. Na propriedade, são feitos queijos de casca lisa e de casca florida, nos quais há ação dos fungos durante a maturação. O queijo liso é lixado e depois lavado a cada dois ou três dias. Já o queijo florido não passa por processo de lavagem – ele é higienizado, mas os fungos são mantidos para agir no produto.
A produtora Christiane Brandão é de Santo Antônio do Itambé, na região do Serro. Ela é da quinta geração da família a produzir queijos, e a primeira mulher à frente do negócio. Para ela, o reconhecimento enquanto patrimônio da humanidade é um meio de valorizar uma tradição que vem sendo mantida na região há muito tempo. “A gente faz queijo desde que existe a nossa região, desde que os colonizadores vieram para cá, há 300 anos. Isso está enraizado na nossa vida, na nossa tradição. É um orgulho ter essa identidade reconhecida através do queijo, o modo de fazer queijo nos identifica e a gente quer que as pessoas valorizem e queiram vir aqui conhecer”, diz ela.
Na Serra da Canastra, João Carlos Leite aprendeu o ofício com os pais e é da quinta geração de produtores. Ele trabalha na área há mais de 20 anos. João produz cerca de 80 quilos de queijo por dia em sua propriedade. Para ele, o título de patrimônio traria ainda mais valor para o produto. “Ter o nosso queijo minas artesanal, dentre eles o da Canastra, como patrimônio da humanidade é um título fantástico, é como um ‘Oscar’ que nós podemos ganhar. Isso agrega mais valor e melhora o turismo da região da Serra da Canastra por tabela”, afirma o produtor. (I.G.)