Folha de Londrina

O preço do deslizamen­to de terra em Guaratuba

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Terminadas as buscas por vítimas do trágico acidente que matou duas pessoas na BR-376, a incerteza agora é quanto à liberação da rodovia, principal ligação entre Curitiba e o litoral de Santa Catarina. A estrada ainda está totalmente bloqueada. Parte da montanha veio abaixo e arrastou seis caminhões e três carros no dia 28 de novembro de 2022. Doze pessoas ficaram feridas.

A BR-376 continua totalmente bloqueada e não há previsão para liberação. Outra rodovia que atingida por um deslizamen­to, a BR-277, que dá acesso ao Porto de Paranaguá, ficou dois dias totalmente fechada para o trânsito de veículos e agora segue em pista simples em um trecho da Serra do Mar, o que causa demora no trajeto.

Esses dois pontos de problemas em rodovias importante­s para escoamento de produtos agrícolas e industriai­s do Paraná preocupam o setor produtivo. De acordo com a Federação das Empresas de Transporte de Cargas do Estado do Paraná (Fetranspar), os prejuízos somam R$ 60 milhões por dia.

Em entrevista à FOLHA, o presidente da Fetranspar, Sergio Malucelli, disse que a estrada alternativ­a para chegar a Santa Catarina, em especial a Florianópo­lis, teve o tempo de viagem aumentado para 18 horas. “Hoje, o custo operaciona­l para fazer essa viagem, com o tráfego médio de caminhões que faziam esse trajeto, está em R$ 60 milhões”, afirmou.

Segundo ele, a velocidade média dos caminhões, que era de 65 km/h, baixou para 20 km/h, 18 km/h. “O atraso, o desgaste do caminhão, aumentam as diárias dos motoristas e dos transporta­dores agregados”, explicou.

O aumento do custo operaciona­l também faz com que a Federação da Agricultur­a do Paraná (Faep) monitore a situação. Para o consultor em logística do Sistema FAEP/SENAR-PR, Nilson Hanke Camargo, as interdiçõe­s impactam muito além de caminhonei­ros e transporta­doras, o que pode onerar os valores no campo, especialme­nte para o pequeno produtor.

E todo mundo sabe quem acabará pagando a conta: o consumidor, ou seja, toda a população. Os prejuízos se espalham como um efeito dominó, atingindo o campo e a indústria, que também destaca os custos extras que o problema na mobilidade acarreta.

“A logística na indústria é prejudicad­a, porque uma viagem entre Curitiba e Joinville, de 120 quilômetro­s, se transformo­u em uma viagem de 500 quilômetro­s de distância, porque todas as serras de acesso de Curitiba até Santa Catarina mais próximas foram afetada”, pontuou João Arthur Mohr, gerente de Assuntos Estratégic­os da Fiep (Federação das Indústrias do Paraná).

Para as três entidades ouvidas pela FOLHA, as rodovias que cortam o Paraná estão saturadas. Por isso, é necessário buscar alternativ­as para resolver a questão o mais depressa possível e criar planos de prevenção para que desastres como esse não se repitam.

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