Justiça do Peru decreta prisão preventiva de Pedro Castillo
Ex-presidente foi acusado de rebelião após tentativa frustrada de autogolpe de Estado
São Paulo - A Justiça peruana decretou nesta quinta-feira (8) a prisão preventiva do presidente destituído, Pedro Castillo. A medida vale por sete dias. Ele foi acusado de rebelião e conspiração após sua tentativa frustrada de autogolpe de Estado, quando tentou dissolver o Congresso Peruano.
“A Suprema Corte de Investigação Preparatória, a cargo do juiz Juan Carlos Checkley, decretou sete dias de prisão preventiva contra o ex-presidente Pedro Castillo, investigado pelo crime de rebelião (alternativamente conspiração)”, tuitou o Judiciário em sua conta no Twitter.
Castillo enfrentaria seu terceiro pedido de impeachment. Por suposta “incapacidade moral”, congressistas de oposição pautaram a retirada do presidente. Ele tentou escapar e convocar novas eleições, porém, após o ato, perdeu ainda mais apoio no Legislativo.
Para aprovar um impeachment são necessários 87 votos e existem apenas 80 parlamentares de oposição. Após o ato classificado como golpista, porém, o presidente contou com 101 votos favoráveis a sua saída do poder e foi detido.
A nova presidente do Peru, Dina Boluarte, descartou a possibilidade de adiantar as eleições no país. Em pronunciamento, ela afirmou que o pedido de novas eleições é democrático, mas que seu papel é “reorientar o país”. O mandato de Dina Boluarte como presidente terminará apenas em julho de 2026.
A imprensa peruana, citando fontes policiais, afirma que o agora ex-presidente planejava deixar o país e fugir para o México. Foi interceptado, porém, pouco depois de deixar o Palácio de Governo, detido por policiais e levado à Prefeitura de Lima.
O Jornal “El Comercio” diz que Castillo permaneceu em Lima por mais de sete horas, o tempo todo junto de policiais. Depois, foi transferido junto com o ex-premiê Aníbal Torres para o quartel Los Cibeles, no distrito de Rimac e, de lá, partiu de helicóptero para a sede da Direção de Operações Especiais (Diroes) -o mesmo centro em que está detido Alberto Fujimori, ditador que comandou o Peru de 1990 a 2000, e pai de Keiko, principal adversária de Castillo, derrotada na última eleição com cerca de 50 mil votos de diferença.
O fato de a Constituição do Peru prever o mecanismo da dissolução do Congresso pelo presidente, desde que cumpridas certas condições, esteve no centro dos debates em relação ao que ocorreu no país nesta quarta-feira.
Especialistas ouvidos pela reportagem concordam com a ideia de que, em algum ponto do processo, houve uma tentativa de golpe, embora de forma diferente daqueles que a região viveu principalmente nos anos 1970.
“É um golpe de Estado, com todas as letras”, diz a advogada e analista política Rosa María Palacios, reforçando que não era recente o desgaste político de Castillo. “Não por se tratar de um professor rural, pobre,
O fato de a Constituição do Peru prever o mecanismo da dissolução do Congresso pelo presidente está no centro dos debates no país
mas porque ele mesmo reconhecia que as pessoas que escolheu para formar suas equipes cometeram delitos no próprio mandato.”
Os 16 meses de mandato do político, eleito em 2021 como uma espécie de outsider sem experiência prévia, foram marcados por tensões constantes com o Legislativo. Com as sucessivas crises, ele se viu obrigado a formar, por exemplo, cinco gabinetes.