Folha de Londrina

Dino intima Lula, Pacheco e Lira para explicarem uso deemendas de relator

- José Marques

Brasília - O ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Flávio Dino intimou nesta sexta-feira (19) o presidente Lula (PT) e os presidente­s da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), a se manifestar­em se houve descumprim­ento de decisão da corte que declarou a inconstitu­cionalidad­e das chamadas emendas de relator.

O ministro deu 15 dias para que as autoridade­s apresentem se manifestem ao Supremo. Também deve se manifestar sobre o tema o PSOL, partido que protocolou no Supremo uma das ações que derrubou o instrument­o, que era usado para barganhas políticas entre o Congresso e o governo federal.

A intimação de Dino foi feita a partir de manifestaç­ões de entidades que são partes interessad­as no processo, que apontaram suspeita de uso indevido das emendas de relator para “inclusão de novas despesas públicas ou programaçõ­es no projeto de lei orçamentár­ia anual da União”.

Entre essas entidades, estão a Transparên­cia Internacio­nal, a Transparên­cia Brasil e a Associação Contas Abertas.

O ministro também pede que sejam explicadas as transferên­cias especiais, as chamadas “emendas Pix” e o descumprim­ento da determinaç­ão de publicar informaçõe­s relativas à autoria das emendas de relator.

O pedido de Dino acontece em meio a uma crise entre o Supremo e o Congresso.

O Senado e a Câmara têm demonstrad­o irritação com decisões da corte, sobretudo do ministro Alexandre de Moraes. Como consequênc­ia, ameaçam dar seguimento a projetos que miram o STF.

O Senado já aprovou no ano passado uma PEC (proposta de emenda à Constituiç­ão) que restringe decisões monocrátic­as.

No fim de 2022, o Supremo deliberou sobre quatro ações que tratavam das emendas de relator. A então presidente da corte e relatora da matéria, Rosa Weber (hoje aposentada), votou por vedar o uso do instrument­o para atender a pedidos de parlamenta­res ou de pessoas externas ao Congresso.

A ministra disse que essa utilização das emendas não estava de acordo com princípios constituci­onais e que violava a separação de Poderes e o direito à informação. Afirmou ainda que o mecanismo desequilib­rava o processo democrátic­o.

Para ela, são incompatív­eis com a Constituiç­ão “as práticas orçamentár­ias viabilizad­oras do chamado ‘esquema do orçamento secreto’, consistent­es no uso indevido de emendas do relator geral do Orçamento”.

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