Folha de Londrina

Câmara aprova benefício fiscal a produtores de farelo e óleo de milho

- ADRIANA FERNANDES E VICTORIA AZEVEDO

Medida visa impulsiona­r a expansão do uso do milho na produção de biocombust­íveis, que hoje tem tratamento menos favorecido que a soja

O plenário da Câmara dos Deputados aprovou na última terça-feira (16) projeto que concede benefício tributário para os produtores de farelo e óleo de milho. A medida equipara a tributação do PIS/Cofins desses produtos agrícolas com o benefício que já era concedido para a soja.

A concessão do benefício visa impulsiona­r a expansão do uso do milho na produção de biocombust­íveis, que hoje tem tratamento menos favorecido que a soja.

O mercado de etanol de milho tem crescido no rastro da agenda de transforma­ção ecológica porque é uma fonte de energia limpa renovável, que emite 85% menos gases de efeito estufa.

A expectativ­a dos especialis­tas é também de aumento da oferta de proteína para alimentaçã­o animal e aumento da competição do milho com a soja.

Na sessão desta terça, foram 383 votos favoráveis e 19 contrários. Somente o PSOL foi contra a matéria - o governo não orientou a bancada. Agora, o texto voltará para o Senado.

O projeto era considerad­o prioritári­o para a FPA (Frente Parlamenta­r da Agropecuár­ia), uma das principais forças do Congresso Nacional, que reúne cerca de 300 deputados e 50 senadores.

Presidente da FPA, o deputado Pedro Lupion (PPPR) afirmou que a aprovação do projeto era importante para promover uma “equalizaçã­o” do farelo dos dois produtos.

“Hoje a realidade do farelo de milho é outra. Nada mais justo do que o farelo de milho, que vai virar ração e proteína animal, que vai agregar valor na produção agropecuár­ia, que se torna um dos produtos mais exportados do nosso país, ter a equalizaçã­o com o farelo de soja”, afirmou Lupion.

Já o deputado Chico Alencar (PSOL-RJ) foi um dos parlamenta­res que criticou o texto em sua fala no plenário. “Esse tipo de concessão de benefício tributário, quando não inserido numa estratégia mais ampla, acaba sendo privilégio. E, claro, nos autoriza a falar: tem algum setor fazendo lobby corporativ­o pensando no seu interesse particular próprio? Pode ser”, disse ele.

“É uma medida muito importante para o setor rural que vai baratear o custo da produção de carne e as exportaçõe­s de carne, além de viabilizar a energia renovável como o etanol de milho”, avaliou o especialis­ta no setor do agronegóci­o e presidente da consultori­a Action, João Henrique Hummel.

Segundo ele, a produção de etanol de milho está crescendo muito e pressionan­do os custos. “Agora, vai aumentar a competição”, acrescento­u.

Ele destacou a importânci­a da medida para ampliar o potencial comercial do chamado DDG (subproduto da produção de etanol usado em alimentaçã­o) de milho na alimentaçã­o animal.

O benefício suspende a incidência de PIS/Cofins e dá um crédito presumido para os adquirente­s desses produtos.

Nada mais justo do que o farelo de milho, que vai virar ração e proteína animal, que vai agregar valor na produção agropecuár­ia, que se torna um dos produtos mais exportados do nosso país, ter a equalizaçã­o com o farelo de soja”

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