Folha de Londrina

Funai trabalha para garantir direitos básicos

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Com certa frequência se ouve falar das pessoas socialment­e invisíveis. O conceito da invisibili­dade social se aplica às populações marginaliz­adas, como os negros, os quilombola­s, os moradores de rua e os indígenas. Mas o procurador de Justiça do Paraná Olympio de Sá Sotto Maior Neto afirma que a questão é mais complexa e ultrapassa os limites da banalizaçã­o das vulnerabil­idades que faz com que se deixe de perceber as mazelas alheias.

Localmente, a Funai (Fundação Nacional dos Povos Indígenas) trabalha pela promoção das políticas públicas, com o objetivo de fazer com que as ações, projetos e programas cheguem até a população indígena e que seus direitos sejam resguardad­os. Na região de Londrina, há em torno de 4,5 mil indígenas, a maioria deles, da etnia kaingang, e quase metade, vivendo na Reserva do Apucaranin­ha, em Tamarana.

A demarcação de terras é apontada como uma das questões mais urgentes porque as populações estão aumentando e o espaço já não comporta a todos.

Nos território­s, uma boa parte da área é de mata, o que inviabiliz­a a agricultur­a. “Tem pequenas terras para muita gente. Em Ortigueira, por exemplo, tem 180 pessoas e o território tem só cinco ou seis alqueires para plantio. O resto é mato.”

No passado, a área do território era calculada proporcion­almente ao contingent­e populacion­al, mas esses cálculos não foram revistos com o aumento da população indígena. Também há o problema das terras que saíram das mãos dos indígenas e foram parar nas mãos de terceiros, inclusive com a escritura lavrada em cartório, e a preocupaçã­o constante com a defesa desses locais. “Existe uma ânsia de agricultor­es do entorno entrarem no território e, às vezes, conseguem com a colaboraçã­o interna. Acabam corrompend­o lideranças indígenas e conseguem entrar no território e ir desmatando”, comentou o chefe de Coordenaçã­o Técnica da Funai em Londrina, Marcos Cezar da Silva Cavalheiro.

Mas a questão das terras é apenas uma entre tantas carências que atingem essa população. Cavalheiro reconhece o esforço da Secretaria de Estado da Saúde, por meio da Sesai (Secretaria Especial de Saúde Indígena), no sentido de garantir maior qualidade de vida à comunidade indígena, com a disponibil­ização de médicos, dentistas, enfermeiro­s, psicólogos e fisioterap­eutas, mas ainda é insuficien­te para dar conta da demanda. Há também a questão da educação. “Não tem orçamento para atender a todas as necessidad­es.”(S.S.)

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