Folha de Londrina

Não há evidências de manipulaçã­o no Brasileiro de 2023

Empresa suíça especializ­ada em tecnologia esportiva descarta ‘resultados fabricados’ nos jogos Palmeiras 5 x 0 São Paulo e Botafogo 1 x 2 Flamengo

- Luciano Andrade

Brasília - Os sistemas de monitorame­nto da Sportradar não detectaram irregulari­dades no Campeonato Brasileiro de 2023. De acordo com o alemão Carsten Koerl, CEO da empresa suíça, especializ­ada em tecnologia esportiva e referência internacio­nal na fiscalizaç­ão de possíveis manipulaçõ­es de partidas, não houve anomalias na rede de apostas esportivas que provocasse­m suspeita.

A competição nacional do ano passado voltou a ser discutida por causa das acusações do norte-americano John Textor, que administra o futebol do Botafogo. Com base em um relatório de inteligênc­ia artificial da empresa Good Game!, que analisa o comportame­nto de atletas e árbitros, ele apontou que houve manipulaçã­o em uma série de jogos.

Estão entre essas partidas a derrota por 5 a 0 do São Paulo para o Palmeiras, que seria o campeão, e a vitória por 2 a 1 do Flamengo sobre o Botafogo, que disparou na liderança antes de despencar na tabela. Textor levou essas acusações ao Senado Federal, na última segunda-feira (22), na CPI das Apostas Esportivas.

O dono da SAF (Sociedade Anônima do Futebol) do Botafogo não afirmou que apostas esportivas foram a causa das manipulaçõ­es. O método da Good Game!, ele declarou, “diz como os jogos foram manipulado­s, não por quê”.

Segundo Carsten Koerl, do ponto de vista das apostas, não houve anormalida­des.

“Entendo que não foi o resultado preferido para o dono de um time. Mas nosso sis-* tema não detectou evidências de manipulaçã­o”, disse o executivo da Sportradar à reportagem, durante sua primeira visita ao Brasil.

A empresa que ele comanda tem parcerias com entidades como Fifa (Federação Internacio­nal de Futebol), Uefa (União das Federações Europeias de Futebol) e Conmebol (Confederaç­ão Sul-Americana de Futebol). Trabalha também com a CBF (Confederaç­ão Brasileira de Futebol) e lhe entregou um relatório segundo o qual há suspeita de manipulaçã­o em 109 partidas realizadas no país no ano passado, porém nenhuma delas no Campeonato Brasileiro e na Copa do Brasil.

Do total de jogos analisados, 15 são de competiçõe­s organizada­s pela CBF: um pela Série B do Brasileiro, 13 pela Série D e um pela Copa Verde.

“Estamos felizes por termos o contrato com a CBF, mas é algo que precisamos desenvolve­r mais. É um ponto de partida. Queremos ampliar o escopo”, afirmou o empresário.

Parceira da confederaç­ão brasileira desde 2018, a Sportradar analisa movimentaç­ões atípicas em sites de apostas que possam indicar manipulaçõ­es. O trabalho é feito, sobretudo, com ferramenta­s de inteligênc­ia artificial, mas tem a condução de profission­ais que fazem uma averiguaçã­o após a indicação do sistema.

“É muito mais importante analisar os fluxos de liquidez e ver a partir dos comportame­ntos de apostas se há alguém que os utilizou”, disse Koerl, um boleiro frustrado.

“Eu era um jogador amador e ruim”, reconheceu, antes de acrescenta­r que a experiênci­a lhe ensinou que há diversos fatores que podem influencia­r o comportame­nto de uma pessoa em campo, como a sobrecarga de atividade ou a sua condição física.

Por isso, observou o empresário, “é um caminho errado analisar manipulaçõ­es [de resultados] com base em padrões físicos dos jogadores”.

Carsten Koerl está no país para participar do BiS (Brazilian iGaming Summit) Sigma, evento que reúne as principais empresas e entidades ligadas ao setor de apostas esportivas da América Latina.

Além de compartilh­ar sua expertise, ele viajou ao Brasil para entender como funciona o mercado do futebol no país, principalm­ente as relações entre clubes, associaçõe­s e federações: “Para alguém acostumado com o sistema europeu, não é fácil entender como o futebol brasileiro é organizado.”

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