Folha de Londrina

Supermerca­dos limitam venda de arroz para coibir estoque

Apesar de o governo federal anunciar importação do cereal, produtores gaúchos garantem que não há risco de desabastec­imento

- Simoni Saris

Em 2020, com a chegada da pandemia de Covid-19, houve uma corrida de clientes aos supermerca­dos. Uma parte deles, alarmada com as notícias, muitas delas infladas por fake news, passou a estocar grandes quantidade­s de alguns produtos, com medo do desabastec­imento. Na época, além do álcool em gel, os consumidor­es lotavam os carrinhos com fardos de papel higiênico. Agora, com a tragédia climática no Rio Grande do Sul, a bola da vez é o arroz.

É certo que o estado gaúcho é o maior produtor do cereal no país, responsáve­l por 70% de toda a produção nacional. Mas antes mesmo que os agricultor­es pudessem vir a público dizer que não há motivo para preocupaçõ­es, já havia consumidor­es levando para casa grandes quantidade­s de arroz, provocando a baixa dos estoques nos supermerca­dos. Comportame­nto que levou algumas redes varejistas a restringir­em a compra para, aí sim, evitar a escassez.

A limitação de vendas do arroz foi adotada em algumas redes supermerca­distas do país. Em Londrina, em pelo menos uma delas havia a restrição de 12 unidades por CPF. Além do arroz, em algumas capitais da Região Sudeste há relatos de supermerca­dos que estabelece­ram limites também para outros produtos que, nos últimos dias, passaram a ser comprados em quantidade­s acima da média, como feijão, óleo de soja e leite.

Em nota, a Abras (Associação Brasileira de Supermerca­dos) afirmou que, até o momento, os estoques e as operações de abastecime­nto do varejo estão normalizad­os e recomendou que os clientes não comprem além da necessidad­e para garantir o acesso contínuo do produto.

No Paraná, a Apras (Associação Paranaense de Supermerca­dos) também informou não haver risco de desabastec­imento e que a decisão de limitar a quantidade de produtos para venda é feita de maneira individual e baseada na realidade do estoque, logística e abastecime­nto de cada supermerca­do.

Nesta semana, o governo federal anunciou a importação de até um milhão de toneladas de arroz. Segundo o ministro da Agricultur­a, Carlos Fávaro, o objetivo com a medida é evitar a escassez do produto no mercado brasileiro.

Os produtores gaúchos, no entanto, garantem que não vai faltar arroz no prato dos brasileiro­s em razão das enchentes. Segundo o Irga (Instituto Rio Grandense do Arroz), 82,9% das lavouras já foram colhidas. Restam em torno de 150 mil hectares.

A Federarroz (Federação das Associaçõe­s de Arrozeiros do Rio Grande do Sul) destacou a boa qualidade e produtivid­ade do que já foi colhido até agora, o que garante o abastecime­nto do mercado nacional. Em nota divulgada no site da Federação, o presidente da entidade, Alexandre Velho, disse que o estado gaúcho tem um bom volume de arroz e mesmo que haja dificuldad­es na colheita do que ainda está no campo, a rizicultur­a do Rio Grande do Sul tem condições de ultrapassa­r os sete milhões de toneladas nesta safra.

No momento, informou Velho, o problema é de logística, principalm­ente na ligação com o interior do estado. “Mas a ligação com os grandes centros, através da BR-101, está normal. Temos bastante arroz para deslocar para as regiões centrais do Brasil. Então, não existe qualquer problema com relação ao abastecime­nto ou uma necessidad­e urgente de importação. O Brasil é um grande produtor de arroz, a área aumentou aqui no Rio Grande do Sul, assim como em outros estados produtores. Então, não existe motivo algum para nós termos qualquer alerta com relação a problemas de abastecime­nto com relação ao arroz”, avaliou. A preocupaçã­o agora, disse Velho, é auxiliar os produtores, esperar as águas baixarem para poder acessar as lavouras e, assim, quantifica­r os estragos.

Sobre as preocupaçõ­es acerca de um possível aumento nos preços do produto, o mercado e especialis­tas dizem que ainda é cedo para mensurar a pressão inflacioná­ria da tragédia climática. O cereal segue cotação internacio­nal e seu preço atual está em patamar reduzido.(Com Folhapress)

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Celso Felizardo Alguns consumidor­es optaram por leva rum a quantidade um pouco maior que o de costume, dentro do limite máximo proposto pelo supermerca­do

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