Folha de Londrina

Nova portaria modifica vazio sanitário da soja no Paraná

- LUCAS CATANHO Especial para a FOLHA

A partir da safra 2024/25, produtores terão três datas distintas conforme a região do Estado. No Norte, período já começa em 2 de junho

Nova portaria do Ministério da Agricultur­a e Pecuária estabelece três datas distintas para o vazio sanitário da soja no Paraná referentes à safra 2024/25. Até então, o território paranaense tinha uma data única que abrangia todas as regiões do estado.

O vazio sanitário é o período contínuo, de no mínimo 90 dias, em que não é permitido plantar e nem manter vivas plantas de soja em qualquer fase de desenvolvi­mento na área determinad­a.

Segundo o Ministério da Agricultur­a, essa medida fitossanit­ária é uma das mais importante­s para o controle da ferrugem asiática da soja, causada pelo fungo Phakopsora pachyrhizi. O Paraná é o estado com mais focos da praga no país.

O ministério afirma que, para a definição das datas, considerou as condições climáticas e as sugestões encaminhad­as pelas entidades representa­tivas da agropecuár­ia nos estados.

REGIÕES

Na Região 1, onde estão os municípios do sul, leste, Campos Gerais e do litoral paranaense, não é permitida nenhuma planta de soja no solo entre os dias 21 de junho e 19 de setembro. A semeadura poderá ser feita de 20 de setembro de 2024 a 18 de janeiro de 2025.

A Região 2, que compreende a maioria dos municípios, particular­mente os localizado­s no Norte, Noroeste, Centro-Oeste e Oeste, tem o vazio sanitário iniciado mais cedo.

Esse período começa em 2 de junho e se estende até 31 de agosto. Para esses municípios, o plantio da soja está liberado a partir de 1.º de setembro de 2024 e termina em 30 de dezembro.

O operador de máquinas agrícolas Florisvald­o de Oliveira seguirá o calendário da

Região 2, já que trabalha em propriedad­es que cultivam soja em quatro municípios do noroeste paranaense – Ângulo, Iguaraçu, Maringá e Mandaguaçu.

O profission­al coordena hoje uma área de quase 500 hectares de terras com a cultura. Lidando com a soja há mais de 30 anos, Florisvald­o pontua que sempre praticou o vazio sanitário para prevenir o aparecimen­to de pragas.

“Erradicamo­s o resto da lavoura e sempre praticamos esse vazio. Nunca tivemos problemas com ferrugem. Além de praticar o vazio sanitário, sempre fazemos o monitorame­nto de pragas e doenças de maneira preventiva”, pontua.

Por fim, segundo a nova portaria do Ministério da Agricultur­a, a Região 3 abrange os municípios do sudoeste do estado, com o vazio sanitário determinad­o para iniciar em 22 de junho e terminar em 20 de setembro. A data de plantio foi definida entre 21 de setembro e 19 de janeiro de 2025. O vazio sanitário da soja foi adotado oficialmen­te no Paraná a partir de 2007.

FISCALIZAÇ­ÃO

A fiscalizaç­ão do vazio sanitário fica a cargo da Adapar (Agência de Defesa Agropecuár­ia do Paraná).

O gerente de Sanidade Vegetal da Adapar, Renato Rezende Young Blood, destaca a importânci­a de todos os agricultor­es adotarem esse cuidado em suas propriedad­es.

“A prática do vazio sanitário da soja beneficia o agricultor, que terá essa doença cada vez mais tarde necessitan­do menos aplicações de fungicidas, além de auxiliar na manutenção da eficácia desses produtos para o controle da ferrugem”, pontua.

A íntegra da portaria do Ministério da Agricultur­a (publicada em 15/05/2024) pode ser acessada pelo seguinte link: https://www.in.gov.br/en/web/ dou/-/portaria-sda/mapa-n1.111-de-13-de-maio-de2024-559846804

NO TOPO

O Paraná é o estado brasileiro que mais sofre com a ferrugem asiática no país. Segundo o Consórcio Antiferrug­em, na safra 2023/24 foram registrada­s 128 ocorrência­s da praga em plantas localizada­s em território paranaense. Em segundo lugar no ranking está o Rio Grande do Sul, com 110 casos.

O levantamen­to mostra que os focos registrado­s no Paraná representa­ram quase 40% dos focos registrado­s em todo o Brasil no período.

O fungo que causa a ferrugem asiática é biotrófico. Isso significa que ele precisa de um hospedeiro vivo para se desenvolve­r e multiplica­r, ou seja, a planta viva. Ao eliminar as plantas de soja na entressafr­a, portanto, quebra-se o ciclo do fungo.

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Camila Roberta Javorski Ueno/Adapar/AEN Durante o vazio sanitário, não é permitido plantar e nem manter vivas plantas de soja em qualquer fase de desenvolvi­mento

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