‘ Ladrãofashion’morre emfugaespetacular
Assaltante de imóveis da classe média alta do Rio joga granada para furar bloqueio e invade prédio até ser baleado
Oladrão mais procuradodo Rio de Janeiro — loiro, de olhos verdes e nascido emfamília de classe média— foimorto ontemdemadrugada, após perseguição policial da qual tentou escapar detonandoatéumagranada.
Batizado como “ladrão fashion”, Pedro Machado Lomba Neto, o Pedro Dom, 23, filho de ex- policial civil, foi morto com umtiro de fuzil no peito no corredor de um prédio na Lagoa, bairro nobre da zona sul. Eram 4h e ele havia acabado de furar— com o uso de uma granada — umcerco policial montado para prendêlo na saída do túnel Rebouças ( ligaçãoentreas zonasnorte esul).
Aação para capturá- lo foimontada após escutas telefônicas terem flagrado, por volta da meianoite, conversa de Pedro Dom com o cúmplice Sandro Soares Tavares, o Sandro Batom, em que o assaltante pedia para buscá- lo na favela Vila dos Pinheiros ( complexo daMaré, zona norte) e levá- loàRocinha ( zonasul).
Domgostavadeandarcomroupas de grife, costumava ser violento com suas vítimas e tinha preferência em roubar vestimentas e calçados finos. Sem ser traficante, masviciadoemcocaína, integrava a facção criminosa ADA ( Amigo dos Amigos) e vivia refugiado entre as favelas da Rocinha edocomplexodaMaré.
Ao saber que Pedro Dom iria para a Rocinha, a polícia cercou a saída do túnelRebouças na Lagoa pouco depois das 2h. Ao perceber o bloqueio, Pedro Dom, que estava na garupa de uma motocicleta, pilotada por Sandro Batom, atirouagranadaeabriufogo.
Com a explosão, três policiais foram feridos por estilhaços, entre eles o delegado Eduardo Freitas, da 22 ª DP ( Penha, zona norte), quecomandavaaoperação.
Os policiais passaram a perseguir Pedro Dompelas ruas da Lagoa. Quando passavam pela rua AlexandreFerreira, os agentesatiraram no pneu da motocicleta. Sandro Batom foi preso. Pedro Dom, no entanto, conseguiu fugir apé eentrounoedifícioBauhaus.
Os policiais cercaram o edifício e passaram a fazer buscas pelos andares. Quando os agentes chegaram ao terceiro andar, encontraram Pedro Dom escondido próximoaumalixeira.
Segundo a polícia, ele efetuou disparos, e os policiais revidaram. Um tiro acertou o peito do assaltante, quemorreu no hospital MiguelCouto, paraondefoi levado.
Drogado
O delegado Eduardo Freitas — que foi ferido pelos estilhaços da granada— afirmou suspeitar quePedroDomestivesse drogado quando foi morto. Segundo ele, ao ser cercado no túnel Rebouças e no próprio prédio, o criminoso gritou várias vezes que não iria se entregar, quepreferiamorrer.
Freitas afirma que os policiais já foram para a operação cientes de que o assaltante estava armado com uma granada e pistola porque Pedro Dom havia mencionado isso na conversa grampeada que tevecomocúmplice. O delegado disse que vinha investigando Pedro Dom havia cerca de dois meses. Apesar de ter sido atingido por estilhaços da granada, elepassabem.
Emboratenha morrido emconseqüência do tiro no peito, o assaltante foi atingido por outros quatro disparos, todos do lado direito do corpo: no pé, namão, no braçoenoombro.
A polícia do governo Rosinha Matheus ( PMDB) afirmou que Pedro Dom estava com umamochila e nela trazia jóias roubadas emdois assaltos a residências, um na Barra da Tijuca ( zona oeste) e outro na Ilha do Governador ( zona norte da cidade), que ocorrera na noite de anteontem. Na ocasião, roubou jóias, dinheiro, um computadoreumcarro.
Oito pessoas que seriamvítimas do assaltante foramaté a 15 ª Delegacia de Polícia, na Gávea ( zona sul), e reconheceram as jóias comosendodelas.
Sandro Batom permanecia preso na 15 ª DPaté o final da tarde de ontem. A polícia não permitiu que ele falasse com os jornalistas. Ele seria acusado de fazer serviços paraos traficantes.
Enterro
PedroDomfoi enterradonatarde de ontem no cemitério do Caju, na zona portuária do Rio. Aproximadamente 20 pessoas acompanharamocortejo.
Gustavo Almeida, que disse ser primo do morto, foi o único que deu entrevista. Ele disse queDom foi “ executado” pelos policiais. “ O meu primo levou um tiro no peito. Isso mostra que ele queria se entregar”, disseAlmeida.
Ele declarou que a polícia “ não o queria vivo”. “ Nos últimos meses, ele falava que gostaria de se entregar, mas tinha medo de ser morto”, afirmou Almeida. Ele disse que seu primo pagou propina a policiais de Copacabana neste anodepoisde ser presonobairro. Segundo Almeida, o preço pagofoide cercadeR$ 50mil.