Folha de S.Paulo

Inflação perde força e abre caminho para corte de juros

Queda no consumo contém aumentos nos preços dos serviços, que subiram 8,76% nos 12 meses até maio

- PEDRO SOARES DO RIO Colaborou PRISCILLA OLIVEIRA, de Brasília

Ainflação subiu 0,36% no país em maio, abaixo das previsões e da taxa de abril ( 0,64%), segundo o IBGE. A freada da economia e a crise externa ajudam a conter os aumentos de preços, o que abre caminho para o BC promover novos cortes nos juros. O ministro Mantega disse que o resultado dá liberdade para uma política monetária mais flexível.

Índice está perto da meta oficial do governo, de 4,5%, o que abre caminho para novos cortes na taxa de juros

A forte freada da economia, a moderação do consumoe a crise externa estão ajudando a conter os aumentos de preços para o consumidor, o que abre caminho para o Banco Central promover novos cortes nos juros nos próximos meses.

OIPCA, índice oficial de inflação, subiu 0,36% emmaio. Ficou abaixo das previsões do mercado e foi inferior à taxa de abril ( 0,64%). A taxa acumulada nos 12 meses até maio atingiu 4,99%, a mais baixa desde setembro de 2010, segundo o IBGE.

Apontado pelos dados do PIB do primeiro trimestre ( alta de apenas 0,2%), o menor ritmo de atividade da economia e o receio de ampliar gastos em tempos de inadimplên­cia crescente rebateram nos preços dos serviços, até então vilões da inflação.

Com o consumo menos aquecido e uma folga menor no orçamento, comprometi­do para saldar dívidas, os preços dos serviços ( de refeições fora de casa a empregados domésticos) subiram 0,21% em abril, menor nível desde outubro de 2009. Caíram os preços de serviços como passagens aéreas, pacotes de viagens, hotéis e outros.

Para Eulina Nunes dos Santos, coordenado­ra do IBGE, a alta menor dos serviços pode estar ligada à menor disposição das famílias em consumir serviços que, em muitos casos, não são essenciais.

Mas reflete também, diz ela, uma “saturação dos preços”, que já haviam subido muito ( 8,76% em12 meses até maio), o que tornou muitos serviços caros e afastou uma parcela de consumidor­es.

A inflação só não foi mais baixa em abril por causa dos alimentos, prejudicad­os pela estiagem

EULINA NUNES DOS SANTOS

coordenado­ra do IBGE A inflação está abaixo de 5%, o que dá liberdade para termos uma política monetária flexível

GUIDO MANTEGA

ministro da Fazenda

Elton Teles, analista do Itaú- Unibanco, afirma que a freada dos serviços é “consistent­e com o menor ritmo de atividade da economia” e com as previsões de uma retomada mais lenta do que a prevista pelo governo.

PROJEÇÕES

Diante desse ambiente de menor cresciment­o, economista­s já revisam suas projeções de inflação para menos de 5%, perto do centro da meta oficial do governo, 4,5%.

A consultori­a LCA projeta 4,8%, um índice próximo ao centro da meta do governo federal.

Para a consultori­a Rosenberg & Associados, um fator adicional para segurar os preços é a redução de IPI de veículos, item de grande peso na inflação, uma das medidas adotadas pelo governo para tentar reanimar a economia. A crise na Europa, dizem os analistas, também ajuda a segurar a inflação no Brasil.

Os preços dos alimentos subiram bastante ( 0,73%) por causa da quebra de safra de importante produtos agrícolas, como soja, arroz e feijão. “A inflação só não foi mais baixa em abril por causa dos alimentos, prejudicad­os pela estiagem em muitas regiões produtoras”, diz Eulina.

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