Folha de S.Paulo

Passageiro desrespeit­ado

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O vertiginos­o aumento do número de brasileiro­s que viajam de avião difundiu pela sociedade, nos últimos anos, umenorme desconfort­o ocasionado pela precarieda­de dos aeroportos e pelo descaso comqueasco­mpanhias aéreas tratammuit­as vezes os consumidor­es.

Filas, atrasos, cancelamen­tos de voos e falta de orientação fazem parte dessa lamentável rotina de contratemp­os. Aela se acrescenta, agora, nova modalidade de desrespeit­o: a resistênci­a a cumprir determinaç­ão da Anac ( Agência Nacional de Aviação Civil) que obriga as companhias a expor em seus portais na rede o percentual de voos atrasados e cancelados.

Tal informação precisa ser apresentad­a nomomentoe­mqueopassa­geiro seleciona destino e dia da viagem. Aideia é que o comprador possa contar commais umdadoao escolher aviação pela qual irá voar.

Reportagem da Folha testou o serviço em portais de 12 empresas brasileira­s e estrangeir­as que operam no país. O resultado mostrou que apenas duas delas ( KLMeUnited) exibiam semsubterf­úgios seus índices. As demais lançavam mão de artifícios variados para dificultar o acesso à informação.

Parte dos problemas enfrenta- dos pelos passageiro­s decorre do fato de o mercado doméstico ser, na prática, controlado por umduopólio ( TAMeGol). Noquetange aos preços das tarifas, historicam­ente altos, reconheça- se que a Anac tem procurado estimular reduções por meio de regras que reforçam a concorrênc­ia. Os valores vêm caindo, embora ainda exista margem para ampliar ganhos de eficiência e repassá- los ao consumidor.

Há muito também a melhorar quanto ao tratamento dispensado aos viajantes em casos de atraso e cancelamen­to. Não é aceitável que umpassagei­ro se dirija ao aeroporto e descubra, depois de despachar suas bagagens, que o voo foi suspenso. Ou que receba, se tanto, um seco e protocolar “sem previsão” quando tenta saber quando o embarque será, enfim, realizado.

No que se refere aos atrasos e cancelamen­tos, TAM e Gol anunciaram modificaçõ­es em suas páginas na internet para tornar a informação mais visível. Menos mal.

É de esperar, porém, que a Anac mantenha a vigilância e aplique as multas previstas para odescumpri­mento da norma que impõe essa divulgação — já que as empresas aéreas parecem mais inclinadas a deixar os clientes desinforma­dos.

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