Ativistas apontam novo massacre na Síria
Segundo oposição, forças pró- Assad mataram ao menos 78, incluindo mulheres e crianças, na região central do país
Se confirmada, será a 2 ª matança em menos de duas semanas; Rússia e China voltam a se opor a intervenção militar
Ativistas de oposição à ditadura de Bashar Assad na Síria disseram ontem que pelo menos 78 pessoas, entre elas 40 mulheres e crianças, foram mortas por milícias prógoverno e forças de segurança no vilarejo de Mazraat al Qabeer, na província de Hama ( região central do país).
Se confirmado, será o segundo massacre emterritório sírio em menos de duas semanas. Em 25 de maio, 108 pessoas morreram na cidade de Houla, em outro ataque atribuído pelos oposicionistas a forças do regime Assad.
A ditadura, repetindo o que acontecera no massacre em Houla, atribuiu as mortes de ontem a “grupos terroristas” e disse que nove pessoas foram mortas — a censura da Síria ao trabalho da imprensa impede verificação independente dos números.
O próprio total de mortos divulgado ontem pelos ativistas anti- Assad era incerto.
Para os Comitês de Coordenação Local, foram ao menos 78; o porta- voz de outro grupo, o Conselho Nacional Sírio, disse que podem ser mais de cem; e Rami Abdul- Rahman, chefe do Observatório Sírio para os Direitos Humanos ( Londres), afirmou ter os nomes de 23 pessoas mortas.
Nos últimos dias, sempre segundo os grupos de oposição, as forças de Assad vinham bombardeando Mazraat al Qabeer e o vilarejo vizinho de Maazarif, ambos a cerca de 20 km de Hama, uma das maiores cidades sírias.
Um dos focos da revolta contra a ditadura — que já dura 15 meses e, conforme estimativa da ONU, matou mais de 9.000 pessoas—, Hama é a cidade onde em 1982 Hafez Assad, pai do atual ditador, esmagou um levante deixando no mínimo 10 mil mortos.
ESFAQUEADOS
O Observatório Sírio para os Direitos Humanos apontou semelhanças entre a ação de ontem e o massacre de Houla — nos dois casos, teria havido participação da “shabbiha”, milícia pró- Assad.
Muitas das vítimas em Mazraat al Qabeer, segundo o relato do grupo, foram esfaqueadas até a morte, e ao menos 12 corpos foram queimados.
O recrudescimento da violência ocorre durante a visita de 300 observadores da ONU — no país para monitorar o plano de cessar- fogo proposto pelo ex- secretáriogeral Kofi Annan— e um dia após a Síria prometer que vai permitir a entrada de equipes de ajuda humanitária.
Em comunicado, o Observatório exigiu que os monitores da ONU se desloquem para a área do novo massacre.
Em Pequim, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, e o dirigente chinês Hu Jintao voltaram a se posicionar, em nota conjunta, contra intervenção militar ou “mudança forçada de regime” na Síria.
Com poder de veto no Conselho de Segurança da ONU, russos e chineses têm sido até agora os principais obstáculos a medidas mais duras contra o regime de Assad.