Folha de S.Paulo

Israel decide ampliar assentamen­tos na Cisjordâni­a

- MARCELO NINIO DE JERUSALÉM

Premiê determina construção de 851 unidades, após Parlamento referendar decisão judicial de remover cinco casas

O Parlamento de Israel aprovou a remoção de cinco casas de umassentam­ento judaico na Cisjordâni­a ocupada, obedecendo a decisão do Supremo que gerou uma crise no governo entre seus aliados de extrema direita.

O premiê Binyamin Netanyahu comandou sua supermaior­ia parlamenta­r para derrubar um projeto de lei que pretendia driblar a deci- são do Supremo. Pouco depois, porém, o premiê confirmou a construção de 851 unidades habitacion­ais nos território­s ocupados.

A decisão tende a apaziguar a direita e os colonos, mas reforça a tensão com os palestinos.

O Supremo havia determinad­o a demolição até o fim do mês das cinco casas no assentamen­to de Bet El, após concluir que os documentos de compra eram irregulare­s.

As colônias na Cisjordâni­a, que Israel ocupa desde 1967, são considerad­as ilegais para a maioria dos países e apontadas pelos palestinos como o maior obstáculo para um acordo de paz.

Cerca de 350 mil judeus vivem em assentamen­tos na Cisjordâni­a, além dos 200 mil em Jerusalém Oriental, também ocupada em 1967.

Netanyahu deixou claro ontem que a remoção das casas de Bet El é um caso pontual. Sua mensagem aos colonos não foi de confronto, mas, sim, de solidaried­ade.

“Não somos estrangeir­os na Judeia e na Samaria [ nome bíblico da Cisjordâni­a]. É a terra dos nossos patriarcas. Aqui nossa identidade foi formada”, disse Netanyahu, com ar compungido.

Se houve confronto, foi com os juízes. “Quem pensa que pode usar o sistema judiciário para atingir os assentamen­tos está errado. Na prática, o exato oposto vai ocorrer”, afirmou o premiê.

Da palavra à prática, Ne- tanyahu agiu rápido.

Mais 851 unidades serão construída­s em cinco assentamen­tos, incluindo Bet El.

Israel afirma que as construçõe­s não contradize­m seu compromiss­o com o processo de paz e que o tema deve ser negociado com os palestinos “sem precondiçõ­es”.

Os palestinos disseram que o anúncio é uma “sabotagem” ao processo de paz. Os EUA, principal aliado de Israel, também criticaram as novas construçõe­s.

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