Folha de S.Paulo

Com nova regra, poupança registra captação recorde

- MAELI PRADO DE BRASÍLIA

Valor de R$ 6,26 bi é o maior para maio; investidor se antecipa à aplicação de norma

Apesar da mudança no cálculo de remuneraçã­o da poupança, no mês passado os depósitos na caderneta superaram as retiradas em R$ 6,26 bilhões, o maior montante da história para meses de maio.

As novas regras implicam perda de rendimento quando a taxa básica da economia, a Selic, cai a 8,5% ao ano ou menos. Nesse patamar, a caderneta rende 70% da Selic mais a Taxa Referencia­l ( TR).

OComitê de Política Monetária do Banco Central fixou a taxa básica em 8,5% na reunião de 30 de maio.

Além do recorde para meses de maio, a captação líquida da caderneta de poupança foi a maior, para qualquer mês, desde dezembro do ano retrasado, quando os depósitos superaram as retiradas em R$ 6,35 bilhões.

Esse movimento pode ser explicado, em parte, pela an- tecipação de investidor­es informados de que os depósitos antigos não seriam afetados e aplicaram dias antes na poupança para garantir um retorno maior.

Nos primeiros dias úteis de maio, antes do anúncio, que foi feito pelo governo no dia 4 do mês passado, os depósitos superaram as retiradas em R$ 1,8 bilhão — mais de 28,8% do resultado do mês.

Para o professor de finanças do Insper Ricardo José de Almeida, o aumento também ocorreu porque os investidor­es migraram de fundos DI — atrelados ao Certificad­o de Depósito Interbancá­rio ( CDI), que tem como referência a Selic— para a poupança.

“Fundos DI com uma taxa de administra­ção superior a 1,5% são menos competitiv­os que a caderneta de poupança”, disse. “Esse aumento das captações da poupança deve continuar, até as taxas de administra­ção serem reduzidas”, afirmou.

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