Folha de S.Paulo

Na base do jeitinho, morador se adapta a ‘ entorta- endireita’

- DA ENVIADA A SANTOS

Quando a santista Marcilia Ribeiro, 69, deixou Campinas ( a 93 km de SP) para voltar à cidade natal, háseis anos, não pensou duas vezes ao comprar um apartament­o com vista pa-ra a praia — e bem torto— pela “bagatela” de R$ 160 mil.

“Onde conseguiri­a morar de frente para o mar por esse valor? Além do mais, nasci aqui, sei que esses prédios não vão cair”, afirma ela.

Mas a certeza de Marcilia foi assombrada pela avaliação de um engenheiro: se não fosse endireitad­o, o bloco B do edifício Nuncio Malzoni, de 1970, poderia ruir. A inclinação já chegava a 1,7 m.

A obra foi concluída no começo do ano passado. O bloco A também voltou ao nível normal, mas 14 anos atrás.

Marcilia, que não se importava em levar uma “vida torta”, faz graça da mudança. “Antes eu só via o poste na praia. Agora vejo o banquinho também”, conta ela, rindo.

Parte do apartament­o teve o chão nivelado quando o prédio estava torto. Agora, que voltouao normal, ela nem pen-sa em gastar para endireitar de novo — o jeito é colocar um “calcinho” embaixo da cama.

“Antes, quando limpava a cozinha, corria para puxar a água do chão antes que entrasse no hall. Agora, tenho que dar outros jeitinhos.”

Quem comprou unidade no prédio já comemora: apartament­os adquiridos por R$ 170 mil já valem quase R$ 500 mil.

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