Folha de S.Paulo

Comissão do Senado aprova projeto de cotas emfederais

Universida­des teriam que reservar 50% das vagas a alunos de escola pública

- GABRIELA GUERREIRO DE BRASÍLIA

Pela proposta, cota seria dividida entre negros, pardos e índios, de acordo com a população dos Estados

AComissãod­eConstitui­ção e Justiça do Senado aprovou ontem projeto que estabelece o sistema de cotas raciais e sociais nas instituiçõ­es federais públicas de educação superior e escolas técnicas.

O projeto determina que 50% das vagas nessas instituiçõ­es sejam obrigatori­amente destinadas aos alunos que estudaram integralme­nte em escolas públicas no ensino médio.

Essa cota, por sua vez, têm que ser dividida proporcion­almente entre negros, pardos e indígenas da população do Estado onde está instalada a instituiçã­o. A divisão deve seguir o tamanho da população de cada uma das raças na unidade federativa, segundo o último censo do IBGE ( Instituto Brasileiro de Geografia e Estatístic­a).

Isso significa que na Bahia, onde 73% são negros, haverá um número maior de vagas reservadas a alunos negros vindos de escolas públicas do que em Santa Catarina, onde apenas 9% da população se declara negra.

Dentro dos 50% de vagas destinadas às cotas, o projeto determina, ainda, que me- tade delas seja reservada a alunos de famílias que recebem até 1,5 salário mínimo por integrante — para priorizar os estudantes de baixa renda do país.

Segundo a ONG Educafro, 196 instituiçõ­es públicas de ensino superior já adotam algum critério de cotas para ingresso dos candidatos.

Relatora do projeto na comissão, a senadora Ana Rita ( PT- ES) disse que o sistema misto de cotas é o mais “justo” para ser implantado em todo o país.

Apenas quatro senadores votaram contra o projeto, que tem como autora a deputada Nice Lobão ( DEM- MA).

Os senadores Aloysio Nunes Ferreira ( PSDB- SP) e Lobão Filho ( PMDB- MA) apresentar­am votos em separado para estabelece­r somente as cotas sociais, mas acabaram sendo derrotados.

Com a aprovação na CCJ, o projeto segue para análise de outras duas comissões do Senado e ainda precisa passar pelo plenário da Casa.

O projeto estava parado desde 2008, quando foi aprovado pela Câmara. A votação no Senado ocorre depois que o STF ( Supremo Tribunal Federal), emabril deste ano, decidiu que o sistema de cotas raciais em universida­des é constituci­onal.

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