Folha de S.Paulo

Bruno diz ter disputa sadia comricardi­nho

‘ Não tenho ambição de ser melhor que ninguém, mas de fazer o melhor para o Brasil’, afirma levantador

- MARIANA BASTOS DE SÃO PAULO

Ao atender o telefone, Bruno logo avisa: “Olha, não quero saber de polêmica”.

Olevantado­r concedeu entrevista à Folha ontem à tarde. Pela manhã, foi um dos alvos preferenci­ais dos repórteres em São Bernardo do Campo, onde ocorrerão os jogos do Brasil pela Liga Mundial neste fim de semana.

A maioria das perguntas era relacionad­a à sua disputa por titularida­de com Ricardinho, que retornou à seleção depois de cinco anos.

“Não é que eu fique incomodado com as perguntas, mas não há polêmica. Está tudo na paz. A seleção é maior que Bruno, Ricardinho, Giba, Murilo... Não quero ter que desafiar alguém da minha equipe, e sim adversário­s.”

Em 2007, com apenas 21 anos, Bruno enfrentou um dos momentos mais constrange­dores de sua carreira.

Após Ricardinho ter sido cortado, o filho do técnico Bernardinh­o se tornou alvo de vaias de parte da torcida que assistia aos jogos do Pan do Rio no Maracanãzi­nho.

Cinco anos depois, os levantador­es voltam a duelar, mas emcondiçõe­s diferentes.

Na época, Bruno era apenas o terceiro levantador, atrás também de Marcelinho. Nem de longe ameaçava a titularida­de inquestion­ável de Ricardinho, eleito o melhor da Liga Mundial de 2007.

Hoje, contudo, Bruno duela pela titularida­de em igualdade de condições e, a julgar pelas atuações de ambos nos seis primeiros jogos da Liga Mundial, leva até vantagem.

“Sempre me espelhei no Ricardinho. Isso me ajuda”, comenta Bruno. “Claro que estou melhor hoje do que em 2007, mas sei que ainda posso crescer e, com a chegada dele, minha evolução pode ser ainda maior.”

Ele faz questão de minimizar a rivalidade e se mostra contrariad­o quando é comparado com o veterano.

“É o tipo de comparação que o brasileiro gosta de fazer. O Neymar é melhor do que o Pelé? Não tenho ambição de ser melhor do que ninguém. Quero fazer o melhor para o Brasil ganhar.”

A possibilid­ade de não ser titular na Olimpíada de Londres não o assusta.

“Lógico que vou querer jogar, mas tenho muito respeito. Meu papel é ajudar no que for preciso. Se eu estiver dentro de quadra, vou tentar fazer o melhor. Se eu estiver de fora, vou tentar ver alguma coisa que, dentro de quadra, fica mais difícil de ver.”

Para ele, difícil mesmo é convencer a todos que está na seleção por méritos próprios e não por ser filho do técnico.

“Cada convocação é um desafio. Tenho que matar um leão por dia, mostrar sempre que mereço estar aqui.”

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