Folha de S.Paulo

Técnica ‘ lê’ DNA do feto a partir de saliva do pai e sangue da mãe

Método sequencia genoma completo sem risco para bebê e ajudaria a prever doenças

- FERNANDO MORAES COLABORAÇíO PARA A FOLHA

Pesquisado­res dos EUA conseguira­m pela primeira vez determinar praticamen­te todo o genoma de um feto humano a partir de amostras do sangue da mãe grávida e da saliva paterna.

A nova técnica pode permitir o diagnóstic­o de algumas doenças e não traz risco ao bebê, diferentem­ente da coleta de células da placenta ou amostras do líquido amniótico.

Pesquisado­res nos Estados Unidos conseguira­m determinar pela primeira vez praticamen­te todo o genoma de um feto humano a partir de amostras do sangue da mãe grávida e da saliva paterna.

Os resultados, publicados nesta semana no periódico “Science Translatio­nal Medicine”, foram obtidos por cientistas da Universida­de de Washington, em Seattle.

A equipe, liderada por Jay Shendure e Jacob Kitzman, usou uma série de técnicas estatístic­as comparativ­as pa- ra “remontar” toda a sequência de letras químicas de DNA que compõe o genoma fetal.

Isso foi possível porque, primeiro, pedaços do DNAdo bebê, muito fragmentad­os e em pequena quantidade, circulam no sangue da mãe durante a gestação.

Só essa informação não seria suficiente para chegar ao genoma completo. Por isso, os cientistas também usaram o genoma do pai e o da mãe para balizar a análise.

Por exemplo, se ambos os genitores tinham a mesma versão de um gene, aumentava a chance de que o feto também herdara esse gene.

Já é possível obter a sequência genética de um feto coletando diretament­e células da placenta ou amostras do líquido amniótico, a “bolsa d’água” que protege o bebê na barriga da mãe. Mas esses métodos podem desencadea­r um aborto espontâneo.

Sem esse risco, a nova técnica pode permitir o diagnóstic­o das chamadas doenças mendeliana­s, como fibrose cística, distrofia muscular de Duchenne e certos problemas mentais, causados pela mutação de um único gene.

A capacidade de ‘ ler’ o genoma de um feto levanta, entretanto, questões éticas.

Pais podem não desejar seus futuros filhos por razões que pouco têm a ver com questões médicas — isso quando o teste estiver disponível comercialm­ente, o que ainda deve demorar.

Apesar das possibilid­ades e riscos, os pesquisado­res advertem sobre as limitações das novas técnicas.

“Nossa capacidade para gerar dados está superando nossa capacidade de interpretá- los de maneira que sejam úteis para os pacientes. A interpreta­ção do genoma, mesmo para doenças mendeliana­s, ainda é um desafio”, escrevem os pesquisado­res.

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Alexander Joe/ France Presse ?? » ADEUS O paleoantro­pólogo sul- africano Philip Tobias morreu ontem, aos 86 anos; é um dos descobrido­res do
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Homo habilis, Alexander Joe/ France Presse » ADEUS O paleoantro­pólogo sul- africano Philip Tobias morreu ontem, aos 86 anos; é um dos descobrido­res do mais primitivo membro do gênero humano

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