Folha de S.Paulo

Dever de casa

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BRASÍLIA - O fim das eleições e a volta ao trabalho parecem ter feito boa parte dos moradores da Esplanada dos Ministério­s deixar para trás o cenário maravilhos­o desenhado pela propaganda eleitoral para encarar a complicada realidade da economia brasileira.

Alexandre Tombini e seus colegas de Banco Central foram os primeiros a assumir que a vida não está tão bela quanto os quadros pintados pelo marqueteir­o João Santana.

Ao pegar todo mundo no susto com a elevação da taxa básica de juros na primeira reunião pós- segundo turno, o BC deixou claro que a inflação no país segue numritmo muito mais forte do que o vendido pela candidata Dilma Rousseff.

A falta de credibilid­ade do governo quando o assunto é economia é tão grande que mesmo os que passaram boa parte do ano defendendo esse aperto não botaram muita fé nos sinais de “mudança de comportame­nto” da equipe econômica.

Nesta quinta- feira ( 6), coubeàpró- pria presidente reeleita trocar o discurso de palanque por palavras mais duras para descrever o que acontece com a economia e o que cabe ao governo federal fazer.

O cardápio proposto por Dilma faz qualquer defensor ardoroso de contas públicas controlada­s e inflação em patamar mais civilizado bater palmas. Oproblema, entretanto, é que o Palácio do Planalto sofre da mesma falta de confiança que o BC e o Ministério da Fazenda.

Não é segredo para ninguém que Dilma tem a política econômica sob suas mãos. Para o bem e para o mal. Derrubar a desconfian­ça será tarefa árdua para a presidente petista neste segundo mandato que começou antes da hora e sem dar trégua.

Dilma prometeu que seu governo fará o “dever de casa” para colocar a inflação e as contas públicas no rumo certo. A escolha dos nomes que comandarão a equipe econômica a partir de 2015 será o primeiro grande teste da ilustre aluna de Brasília. renato. andrade@ grupofolha. com. br

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