Folha de S.Paulo

Sob pressão, presidente busca mostrar serenidade e controle da situação

- IGOR GIELOW NATUZA NERY

DIRETOR DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

DE BRASÍLIA

Comosembla­nte mais descontraí­do do que em suas últimas aparições, uma Dilma sob grande pressão política buscou transmitir serenidade e controle da situação na conversa com jornalista­s.

Simbolicam­ente, foi significat­ivo que o ex- presidente Lula, que vem agindo como eminência parda nas consultas para a montagem da nova área econômica, tenha sido citado só umavez pela presidente. E de forma casual, sobre uma visita dela com ele a Recife na campanha.

Nos temas econômicos, em que transita com mais desenvoltu­ra, Dilma foi incisiva ao questionar o represamen­to das tarifas de energia elétrica.

Foi igualmente assertiva ao citar várias vezes os EUA como o país “pragmático dos pragmático­s”. Ela diz que os americanos seguiram uma cartilha que ela indicaria para combater acrise, comações que podem ser considerad­as intervenci­onistas, como o socorro a cadeias produtivas.

Transparec­eu aquilo que seus auxiliares consideram um traço imutável de Dilma: a convicção de que está com a razão, mesmo quando os fa- tos parecem negá- la.

Em uma mesa redonda de 13 lugares, Dilma recebeu oito jornalista­s de veículos impressos em seu gabinete no Palácio do Planalto.

O encontro seria numa sala de audiência, mas quando deparou- se com o círculo de cadeiras sem uma mesa ao centro, a presidente deu uma bronca nos assessores. “Émelhor com uma mesa, a gente pode batucar”, disse.

Dilma queixou- se de asma alérgica e contou que ainda estava recebendo telefonema­s de congratula­ções pela vitória: “Hoje o [ Joe] Biden [ vice de Barack Obama e seu melhor interlocut­or no governo americano] me ligou”.

Aconversa de cerca de 1 hora e 30 minutos terminou para que ela falasse com o premiê australian­o. Em mais de umaocasião, brincou comsua idade ( 66 anos), dizendo que era do “tempo do Mazzaropi”, em referência ao comediante Amácio Mazzaropi ( 1912- 81).

“Gostava muito daquele outro. Como é que chamava, umdos grandes comediante­s mexicanos? ‘ A volta ao mundo em 80 dias’ é excepciona­l”, sendo lembrada de Cantinflas ( 1911- 93). “Ele andando, a calça dele caindo. Cofrinho, desses aí”, brincou.

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