Folha de S.Paulo

‘ Madri não quer dialogar’, diz separatist­a da Catalunha

Região espanhola pretende realizar plebiscito de independên­cia neste domingo, mesmo não reconhecid­o pelo governo central

- DIOGO BERCITO

EM MADRI

As autoridade­s da Catalunha mantêm vivo o projeto de realizar neste domingo ( 9) uma consulta pela independên­cia, apesar de o governo espanhol já ter dado sinais de sua inclinação a impedi- la.

“Estamos convencido­s de que haverá votação”, diz à Folha Oriol Junqueras, presidente da Esquerda Republican­a e uma das principais figuras políticas por trás da movimentaç­ão catalã pela criação de umEstado próprio.

“O caminho depois do voto é longo. Vamos eleger um Parlamento com maioria independen­tista e declarar a nossa independên­cia.”

Mas o trajeto é longo também rumo ao próprio voto deste domingo. A ida de multidões às ruas em setembro não convenceu o governo em Madri a aceitar a consulta popular sobre a independên­cia catalã, e o Tribunal Constituci­onal suspendeu o ato.

O governo do presidente catalão Artur Mas manteve o plano de voto mesmo após a suspensão, mas agora evitando usar estrutura estatal na organizaçã­o da consulta, tentando mantê- la assim fora do alcance do primeiro- ministro espanhol Mariano Rajoy.

A atuação do líder regional, porém, não agrada às forças independen­tistas do Par- lamento catalão. Junqueras tem demonstrad­o publicamen­te seu descontent­amento, exemplific­ado pela atitude que vê como demasiado apaziguado­ra de Mas.

“Madri não quer dialogar”, diz Junqueras. “Eles estão contra não apenas o voto, mas também qualquer tipo de acordo fiscal, leis de edu- cação e projetos sociais.”

A Catalunha já goza, hoje, de ampla liberdade de decisão. A educação, por exemplo, é competênci­a local.

Figuras comoJunque­ras reclamam mais controle de políticas econômicas, em torno do argumento de que a região produz uma importante fatia das riquezas do país.

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