Alca não, Alcap
acabam de obter importante vitória no Congresso, o que atravancará qualquer projeto mais ambicioso de Obama para a política externa.
Com a nova configuração de forças em Washington, dificilmente Obama conseguirá avanços significativos na meganegociação comercial que vem mantendo com a União Europeia. No Pacífico, a proposta de uma parceria de investimentos e comércio pela Casa Branca, que até agora excluía Pequim das conversações, também perderá força.
Países de renda mais baixa no Pacífico sentem- se cada vez mais atraídos ao campo magnético chinês. Além de sediar o futuro banco dos Brics, a China também lançou uma nova agência para investimentos na infraestrutura na Ásia, que tem tudo para desbancar tradicionais veículos nipo- americanos como o Banco de Desenvolvimento Asiático.
Desde sua fundação nos anos 60, esse banco sempre teve um japonês como seu presidente e contabiliza mais de 30% de seu capital no po- der decisório de Tóquio e Washington. Reproduz, assim, o ridículo compadrio também observado no FMI e no Banco Mundial, em que a chefia executiva sempre cabe, respectivamente, a um europeu e um norte- americano.
Se Obama insistir em sua visão de integração econômica do Pacífico sem a China, arrisca mostrar- se em confronto comercial aberto com a principal potência econômica da Ásia e segunda maior do mundo.
Caso aceite embarcar num processo liderado por Pequim, a mera ideia de uma área de livre comércio com a China embrutecerá os mais duros setores protecionistas de empresas e sindicatos nos EUA, cujos interesses encontram- se bem encastelados no Capitólio.
Obama concluirá sua Presidência sem consolidar novas áreas de cooperação econômica nos dois oceanos moldadas a partir da liderança dos EUA. Estes aparecerão à opinião pública global como mais protecionistas — e a China mais aberta a abraçar o livre comércio.
Nesse jogo de xadrez, é intensa a movimentação de potências do Pacífico para inserir- se competitivamente em cadeias de valor.
Integrar geometrias comerciais dinâmicas é absoluta prioridade. As Américas desperdiçaram a oportunidade de desenhar a sua Alca. Já a Ásia, de uma forma ou outra, terá a sua Alcap.
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