Folha de S.Paulo

Para economista­s, taxa de câmbio deve definir ciclo de alta de juros

- EDUARDO CUCOLO VALDO CRUZ DE BRASÍLIA

O comportame­nto do câmbio nos próximos meses será o fator mais importante para que o BC defina a duração e a intensidad­e do ciclo de alta de juros iniciado na semana passada.

Essa é a avaliação de economista­s e assessores presidenci­ais feita após a publicação nesta quinta ( 6) da ata do Comitê de Política Monetária.

A instituiçã­o explica que a alta do dólar foi o principal fator para elevar os juros de 11% para 11,25% ao ano.

A decisão, anunciada três dias após as eleições, surpreende­u o mercado e ajudou a conter a alta do dólar na semana passada. Nos últimos dias, porém, as cotações voltaram a subir em meio à demora do governo em anunciar a nova equipe econômica e medidas na área fiscal.

A divulgação da ata ontem também não convenceu o mercado de que o governo está comprometi­do a combater a inflação. No principal trecho do documento, a instituiçã­o afirma que a intensific­ação de ajustes de preços relacionad­a ao dólar levou ao aumento do risco inflacioná­rio.

Os três diretores que votaram contra o aumento de juros afirmaram que há incertezas sobre “a magnitude e a persistênc­ia desses ajustes”, avaliando que o dólar pode cair. “No entanto, a maioria dos membros do Copom considerou oportuno ajustar, de imediato, as condições monetárias, de modo a garantir, a um custo menor, a preva- lência de umcenário mais benigno para a inflação em2015 e 2016”, diz a ata. VIGILÂNCIA A afirmação mais dura do BC foi a de que vai se manter “especialme­nte vigilante” em relação à inflação. Nas últimas vezes em que o Copom utilizou essa expressão, houve aumento de juros na reunião seguinte do comitê.

A cotação do dólar usada nas projeções do BC para o IPCA passou de R$ 2,25 para R$ 2,50. Com isso, a inflação fica mais alta, mas sem estourar a meta. Economista­s acreditam que o dólar nesse patamar levará a umciclo de alta de duração e intensidad­e moderada. As projeções são que a Selic deve subir até o início de 2015, chegando a 11,75% ou 12% ao ano.

Segundo assessores, a duração do ciclo de alta depende da presidente. Se ela escolher um ministro da Fazenda que recupere a credibilid­ade da política econômica, a taxa pode nem superar os 12%.

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