Folha de S.Paulo

Vagas de menor salário crescem no país

Em 12 meses até junho, criou- se 1,7 milhão de vagas formais; alta ocorreu em postos de até 1,5 salário mínimo

- SAMANTHA LIMA

DO RIO

Apesar do fraco desempenho da economia nos 12 meses encerrados emjunho deste ano, com PIB tendo variado apenas 1,4%, o mercado de trabalho gerou 1,5 milhão de vagas, mostra a Pnad Contínua, indicador nacional sobre mercado de trabalho, feita trimestral­mente pelo IBGE.

A taxa de desemprego para o país recuou de 7,4%, no segundo trimestre de 2013, para 6,8% no segundo trimestre deste ano.

Na comparação com o pri- meiro trimestre, a queda foi de 0,3 ponto. A Pnad Contínua do segundo trimestre saiu com dois meses de atraso devido à greve do IBGE, de maio a agosto.

A pesquisa mostrou forte criação de empregos com carteira assinada, 1,7 milhão, boa parte deles substituin­do informais, que passaram a contar menos 530 mil vagas.

Aevolução, porém, mostra que a criação de empregos formais deu- se nos segmentos com até 1,5 salário mínimo, enquanto os postos de maior rendimento estão fechando, segundo especialis- tas, com base em dados do Ministério do Trabalho.

“Está havendo uma substituiç­ão do emprego de alto pelo de baixo salário”, diz Marcel Caparoz, economista da RC Consultore­s.

“No período, enquanto houve forte geração de vagas até 1,5 salário, cortaram- se 600 mil vagas acima disso, com impacto negativo na economia”, afirma.

O Nordeste liderou a criação de vagas no país nos 12 meses encerrados em junho. De 1,5 milhão de novas vagas no país, 1 milhão foi criado na região, que viu o total de empregos crescer 4,6%, ante 1,6% no país.

“O mercado de trabalho não está ruim como se achava graças ao Nordeste, no comércio e em serviços”, diz Fernando Holanda Barbosa Filho, do Ibre/ FGV.

“Sul e Sudeste estão desacelera­ndo na criação de novos postos, como reflexo das dificuldad­es da indústria, com presença mais forte nessas áreas.”

A geração de renda creditada ao Bolsa Família contribui para o dinamismo da região, diz Caparoz.

“Com a renda maior, a eco- nomia gira e leva comerciant­es e prestadore­s de serviço a contratar mais gente.”

Para os especialis­tas ouvidos, o efeito Copa no Nordeste, se houve, foi reduzido. A região abrigou 4 das 12 sedes do torneio.

O bom desempenho do mercado de trabalho no Nordeste permitiu forte recuo na taxa de desocupaçã­o, de 10% para 8,8%, mas ainda é a maior entre as cinco regiões. MULHERES EM ALTA A Pnad mostra, ainda, um forte ingresso das mulheres nas novas vagas, principal- mente nas regiões Norte e no Nordeste.

A taxa de desocupaçã­o entre as mulheres caiu de 9,3% para 8,2%, ao passo que, entre os homens, foi de 6% para 5,8%.

O IBGE pretende abandonar, no início de 2015, a Pesquisa Mensal de Emprego, feita em São Paulo, Rio, Porto Alegre, Recife, Salvador e Belo Horizonte.

Em seu lugar, entrará uma versão compacta da Pnad Contínua, que trará os dados de taxa de ocupação, nível de ocupação e rendimento em todo o país.

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