Folha de S.Paulo

Cresce apetite de estrangeir­os pelo Brasil

Advent, megagestor­a de ‘ private equity’, capta US$ 2,1 bi para investir na América Latina; 60% devem vir para o país

- RAQUEL LANDIM

Gavea levanta US$ 1 bi, e Carlyle, US$ 200 mi; atraídos por alto retorno, investidor­es apostam no longo prazo

DE SÃO PAULO

Com as empresas brasileira­s em dificuldad­es por causa da estagnação econômica e com o real mais desvaloriz­ado, o apetite dos estrangeir­os por ativos brasileiro­s nunca esteve tão alto.

A Advent, uma das maiores gestoras de fundos de “private equity”, obteve US$ 2,1 bilhões no exterior para comprar empresas na América Latina. É o maior fundo desse tipo já formado para aplicar na região e 60% do dinheiro deve vir para o Brasil.

Os fundos de “private equity” apostam emempresas em dificuldad­es, adquirindo participaç­ão e/ ou fomentando fusões. Eles interferem na gestão das companhias e, alguns anos depois, vendem sua fatia para umsócio estratégic­o ou na Bolsa de Valores.

Outros gestores também captaram volumes significat­ivos de recursos recentemen­te. A Gavea Investimen­tos e o americano Carlyle conseguira­m levantar, respectiva­mente, US$ 1 bilhão e US$ 200 milhões.

Os fundos de “private equity” vão ganhar espaço no Brasil porque as empresas hoje têm menos alternativ­as de financiame­nto. O crédito bancário mingou, e as ações estão em queda na Bolsa.

As empresas também estão precisando de recursos, porque viram seus lucros dimi- nuir, e suas dívidas, aumentar. Nessa situação, os ativos ficam mais baratos.

De acordo com Patrice Etlin, principal sócio da Advent no Brasil, o fundo foi fechado em apenas seis meses e acabou deixando de fora muitos investidor­es que queriam aplicar recursos.

Mais da metade desse capital veio dos Estados Unidos ( 48%). O restante ficou dividido entre Europa ( 21%), Oriente Médio ( 12%), Ásia ( 12%) e América Latina ( 7%).

“Apesar das incertezas provocadas pelas eleições no Brasil, a demanda foi forte, porque a visão desses investidor­es é de longo prazo. Muitos são fundos de pensão e apostam no futuro do país nas próximas décadas”, diz. LUCROS EXPRESSIVO­S Os lucros expressivo­s também são um chamariz para o investidor. Segundo levantamen­to do GVCepe ( Centro de Estudos de Private Equity da Fundação Getulio Vargas), o retorno médio dos fundos de “private equity” é de 17,1% ao ano no Brasil.

O estudo também aponta que, em 86% dos casos, os fundos formados entre 2010 e 2012 venderam sua participaç­ão nas empresas por 3,4 vezes mais do que o valor que pagaram inicialmen­te.

“Essas taxas são quase duas vezes superiores aos melhores retornos dos fundos nos EUA”, disse Cláudio Furtado, diretor do GVCepe.

A Advent, por exemplo, gastou R$ 580 milhões na compra da Cetip ( registro de títulos) e da Kroton ( educação). Depois de quatro anos, vendeu sua fatia nesses negócios por R$ 5,8 bilhões.

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil