Folha de S.Paulo

Liminar libera elétricas de fazer repasses

Empresas do grupo AES obtiveram decisão na Justiça porque ainda não receberam encargos devidos pelo governo

- JULIA BORBA Nível ontem Há um ano* 5. nov. 14 17,84% Nível de segurança 30% Sem um nível adequado de água nos reservatór­ios, a geração de energia no verão, quando o consumo é maior, pode ser afetada

Governo promete a setor que débito pendente desde junho será quitado na próxima semana

DE BRASÍLIA

As distribuid­oras de energia estão se fiando na promessa do governo federal de que o débito bilionário pendente com o setor desde junho poderá ser quitado na próxima semana.

Se conseguir efetuar os pagamentos, o governo poderá conter uma onda de processos na Justiça.

Na quarta- feira ( 5), as empresas AES Eletropaul­o e a AES Sul conseguira­m uma liminar na Justiça que as libera temporaria­mente de fazer repasses para a CDE ( Conta de Desenvolvi­mento Energético) — fundo do setor administra­do pela Eletrobras.

De acordo com a decisão tomada pelo TJ- DF ( Tribunal de Justiça do Distrito Federal), noticiada pelo jornal “O Estado de S. Paulo”, como essas empresas ainda não receberam o pagamento dos encargos sociais devidos pelo governo, elas também não precisam pagar integralme­nte o que devem ao fundo.

Ou seja, ambas podem de-

CRISE ELÉTRICA

Reservatór­ios estão abaixo do necessário para garantir abastecime­nto em 2015

positar apenas a diferença entre o que devem e o que receberiam do governo.

Apesar de ser uma decisão liminar, a Justiça já negou pedido de recurso da Eletrobras. Portanto, o pagamento segui-

SUDESTE rá este modelo até julgamento final do processo. ROMBO EM ALTA A inadimplên­cia do governo com as empresas do setor de energia elétrica vem cres- cendo mês a mês, já que a União parou de compensála­s pelos encargos setoriais que foram retirados da tarifa desde o ano passado.

A conta até agora, segundo a Abradee ( Associação Brasileira de Distribuid­ores de Energia Elétrica), ultrapassa R$ 1,4 bilhão.

O valor serve para cobrir gastos com programas sociais, como Luz para Todos e as tarifas mais econômicas para a baixa renda.

“Nós tivemos uma reunião com o secretário do Tesouro Nacional, Arno Augustin, na sexta- feira [ 31]. Ele tranquiliz­ou as empresas e disse que a solução que está sendo desenhada leva ainda uma semana”, afirmou o presidente da associação, Nelson Leite.

Questionad­o pela reportagem, o Tesouro não comentou o caso oficialmen­te.

A Folha apurou internamen­te, porém, que a pasta vem discutindo uma possível emissão de títulos para evitar retirar os valores de seus cofres neste momento. RACIONAMEN­TO Depois de anunciar, na quarta, umrisco maior de desabastec­imento de energia em 2015, o governo usou nesta quinta seus principais porta- vozes para negar a possibilid­ade de cortes de luz.

Oíndice de risco, agora em 5% ( máximo tolerável), foi considerad­o “excelente” pelo secretário executivo do Ministério de Minas e Energia, Márcio Zimmermann.

“Não há risco nenhum de deficit”, afirmou.

Já o diretor- geral do ONS ( Operador Nacional do Sistema Elétrico), Hermes Chipp, disse que até mesmo um risco maior, de 5,2% ou 6%, não implicará racionamen­to de eletricida­de.

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