Folha de S.Paulo

Produção de autos cai 16% até outubro

Associação das montadoras quer flexibiliz­ação das regras para suspensão temporária dos contratos de trabalho

- EDUARDO SODRÉ LUIZ MOAN Presidente da Anfavea

Vendas de carros de passeio, comerciais leves e veículos pesados crescem 3,6% entre setembro e outubro

EDITOR- ADJUNTO DE “VEÍCULOS”

Responsáve­l por uma das maiores cadeias fabris do Brasil, a indústria automotiva teve mais um mês de queda. De acordo com dados da Anfavea ( associação nacional das montadoras), houve recuo de 2,5% na produção em comparação a setembro.

No acumulado do ano, a redução em comparação a 2013 é de 16%.

Pode parecer que esse recuo seja incongruen­te diante da melhora nas vendas — alta de 3,6% no último mês emrelação ao anterior—, mas os estoques elevados nos pátios travam as linhas de montagens instaladas no Brasil.

Hoje, há carros suficiente­s para atender a 40 dias de ven- das nas concession­árias.

Os números negativos aumentam a preocupaçã­o com o nível de emprego nas montadoras. Esse índice teve queda de 0,5% entre setembro e outubro, confirmand­o a tendência dos últimos seis meses. Para a Anfavea, mudanças nas regras de “lay- off” ( suspensão temporária do contrato de trabalho) ajudariam na recuperaçã­o do setor.

“Continuamo­s insistindo na flexibiliz­ação da lei atual. As crises são cíclicas, precisamos desenvolve­r ummecanism­o forte para suportar esses períodos”, afirmou o presidente da associação de fabricante­s, Luiz Moan.

A entidade defende que o período atual, de cinco meses, seja estendido para até dois anos. VENDAS DIÁRIAS A Anfavea espera que a tendência de cresciment­o nas vendas se confirme no último bimestre, com vendas diárias chegando a 15 mil unidades. Até outubro, a média ficou em cerca de 12 mil licenciame­ntos por dia.

Moanafirma não ter expectativ­a de que o IPI ( Imposto sobre Produtos Industrial­izados) permaneça reduzido em 2015. O tributo deve voltar ao patamar original em janeiro.

Apesar do cresciment­o dos emplacamen­tos no último mês, o acumulado do ano registra queda de 8,9%. Na comparação entre outubro de 2014 e o mesmo mês do ano

Continuamo­s insistindo na flexibiliz­ação da lei atual sobre ‘ layoffs’; as crises são cíclicas, precisamos desenvolve­r um mecanismo forte para suportar esses períodos

passado, a redução é de 7,1%.

As exportaçõe­s continuam em declínio, chegando a 40,4% de retração no acumulado de 2014. Na próxima semana, Moan irá ao México para discutir as bases do novo acordo bilateral — o atual vence em março. FUTURO Se o cenário de momento é ruim, resta olhar para o futuro. A Anfavea fez isso ao elaborar umestudo que mostra as perspectiv­as da indústria automotiva para 2034.

Pelas projeções da entidade, a relação de habitantes por carro no Brasil passará de 5,1 para 2,4 em 20 anos em condições considerad­as realistas. “Não é nada impossível. Hoje, o país está atrás da Argentina e do México emseu índice de motorizaçã­o”, afirma Moan.

Dessa forma, consideran­do também o cresciment­o populacion­al, a frota de veículos no Brasil passaria dos atuais 39,7 milhões para cerca de 95,2 milhões.

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