Produção de autos cai 16% até outubro
Associação das montadoras quer flexibilização das regras para suspensão temporária dos contratos de trabalho
Vendas de carros de passeio, comerciais leves e veículos pesados crescem 3,6% entre setembro e outubro
EDITOR- ADJUNTO DE “VEÍCULOS”
Responsável por uma das maiores cadeias fabris do Brasil, a indústria automotiva teve mais um mês de queda. De acordo com dados da Anfavea ( associação nacional das montadoras), houve recuo de 2,5% na produção em comparação a setembro.
No acumulado do ano, a redução em comparação a 2013 é de 16%.
Pode parecer que esse recuo seja incongruente diante da melhora nas vendas — alta de 3,6% no último mês emrelação ao anterior—, mas os estoques elevados nos pátios travam as linhas de montagens instaladas no Brasil.
Hoje, há carros suficientes para atender a 40 dias de ven- das nas concessionárias.
Os números negativos aumentam a preocupação com o nível de emprego nas montadoras. Esse índice teve queda de 0,5% entre setembro e outubro, confirmando a tendência dos últimos seis meses. Para a Anfavea, mudanças nas regras de “lay- off” ( suspensão temporária do contrato de trabalho) ajudariam na recuperação do setor.
“Continuamos insistindo na flexibilização da lei atual. As crises são cíclicas, precisamos desenvolver ummecanismo forte para suportar esses períodos”, afirmou o presidente da associação de fabricantes, Luiz Moan.
A entidade defende que o período atual, de cinco meses, seja estendido para até dois anos. VENDAS DIÁRIAS A Anfavea espera que a tendência de crescimento nas vendas se confirme no último bimestre, com vendas diárias chegando a 15 mil unidades. Até outubro, a média ficou em cerca de 12 mil licenciamentos por dia.
Moanafirma não ter expectativa de que o IPI ( Imposto sobre Produtos Industrializados) permaneça reduzido em 2015. O tributo deve voltar ao patamar original em janeiro.
Apesar do crescimento dos emplacamentos no último mês, o acumulado do ano registra queda de 8,9%. Na comparação entre outubro de 2014 e o mesmo mês do ano
Continuamos insistindo na flexibilização da lei atual sobre ‘ layoffs’; as crises são cíclicas, precisamos desenvolver um mecanismo forte para suportar esses períodos
passado, a redução é de 7,1%.
As exportações continuam em declínio, chegando a 40,4% de retração no acumulado de 2014. Na próxima semana, Moan irá ao México para discutir as bases do novo acordo bilateral — o atual vence em março. FUTURO Se o cenário de momento é ruim, resta olhar para o futuro. A Anfavea fez isso ao elaborar umestudo que mostra as perspectivas da indústria automotiva para 2034.
Pelas projeções da entidade, a relação de habitantes por carro no Brasil passará de 5,1 para 2,4 em 20 anos em condições consideradas realistas. “Não é nada impossível. Hoje, o país está atrás da Argentina e do México emseu índice de motorização”, afirma Moan.
Dessa forma, considerando também o crescimento populacional, a frota de veículos no Brasil passaria dos atuais 39,7 milhões para cerca de 95,2 milhões.