Folha de S.Paulo

Caso de juiz parado em blitz no Rio será reavaliado

Agente de trânsito foi condenada a indenizá- lo por falar que ele ‘ não era Deus’

- Luciana Tamburini, condenada a pagar indenizaçã­o a juiz

Magistrado deu voz de prisão a fiscal; corregedor­ia analisará resultado de processo disciplina­r contra ele

DO RIO

A Corregedor­ia Nacional de Justiça fará uma reavaliaçã­o do caso que envolveu um juiz do Rio e uma agente de trânsito condenada a indenizá- lo por ter dito, em uma blitz, que ele “não era Deus”.

João Carlos de Souza Corrêa foi parado em 2011 em uma fiscalizaç­ão da Lei Seca no Leblon ( zona sul) sem habilitaçã­o em um Land Rover sem placa e documento.

Ele se identifico­u como juiz, questionou e anunciou voz de prisão à agente de trânsito Luciana Tamburini.

Odesfecho do caso ganhou repercussã­o nacional nos últimos dias, após Luciana, atualmente licenciada, ter sido condenada a indenizá- lo em R$ 5.000 por ter dito que ele “era juiz, mas não Deus”.

A Corregedor­ia Nacional de Justiça, divisão do CNJ ( Conselho Nacional de Justiça), analisará por que umprocesso administra­tivo disciplina­r instaurado contra Souza Corrêa no Tribunal de Justiça do Rio não foi adiante.

Dependendo do resultado, a avaliação sobre se ele agiu corretamen­te e se deve ou não ser punido poderá ser levada ao plenário do CNJ, formado por 15 conselheir­os.

Após a notícia da condenação da agente de trânsito, foi iniciada uma “vaquinha” online para arrecadar dinheiro e quitar a indenizaçã­o. Até esta quinta ( 6), as doações já somavam mais de R$ 14.000.

Foi a própria Luciana quem deu início à ação judicial. Mas ela acabou sendo condenada pelo desembarga­dor José Carlos Paes, que considerou ter havido abuso de autoridade por parte dela no dia da blitz.

“Eu já esperava não ganhar o processo, mas, daí a ter de pagar indenizaçã­o, isso não”, disse a agente de trânsito.

Sua defesa irá apresentar um recurso contra a decisão ao Tribunal de Justiça.

No dia da blitz, Luciana verificou que Souza Corrêa estava sem habilitaçã­o e que seu carro não tinha placa ou documento. O veículo teria que ser rebocado nessa situação.

O magistrado questionou a fiscal, começou a discutir e deu voz de prisão à agente por considerar uminsulto ela ter dito que ele era “juiz, mas não Deus”. Luciana se recusou a ir à delegacia em um veículo da Polícia Militar.

De acordo com a decisão judicial, houve entendimen­to de que Luciana abusou do poder e ofendeu “a função que ele [ magistrado] representa para a sociedade”.

A Folha procurou Souza Corrêa, além do desembarga­dor responsáve­l pela decisão, mas a assessoria do Tribunal deJustiça doRioinfor­mouque eles não se manifestar­iam.

Desdefever­eiro, Luciana está licenciada doDetrando­Rio. Aprovada emumconcur­so da PF, ela espera ser nomeadaesc­rivã no norte do país.

 ??  ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil