Folha de S.Paulo

ENTENDEU OU QUER QUE EU

- Estampa da Iódice, coleção inverno 2015, e look de Victor Dzenk Estampas de bichos de Rafael Aleixo para a Amapô; de flores de Victor Dzenk, coleção inverno 2015 ( Prima Digital e Texprima); e look de Glória Coelho de 2013

TRUNFOFO DE DE G GRIFES IFES PARA BUSCAR IDENTIDADE E MOSTRAR O TEMADA COLEÇÃO

COLABORAÇíO PARA A FOLHA

A estamparia, uma das locomotiva­s da moda brasileira, tem se transforma­do em traço singular das marcas.

“Em alguns casos como da Amapô, da Dress To e da Farm, a estamparia se tornou tão específica que você consegue adivinhar a origem da peça pelo tipo”, diz Adriana Berto, diretora de criação da empresa Kalimo.

La Estampa, Texprima e Kalimo figuram no grupo de escritório­s de confecção de estampas que mais fornecem material para as marcas que desfilam no calendário de moda. Esses escritório­s desenvolve­m padronagen­s próprias e viabilizam a impressão das que são feitas pelas equipes criativas das marcas.

“Temos um banco de imagens com diversos temas e vendemos estampas exclusivas para algumas grifes. Para outras, desenvolve­mos produtos especiais a partir de uma ideia do estilista”, conta Marcelo Castelão, diretor criativo da La Estampa, empresa que exporta padrona- gens para marcas europeias e do mercado asiático.

Antes rígida sobre o tecido, aestampapa­ssouaserim­pressa no fio, melhorando o caimentoda­roupa. Hoje, a maior parte dasmarcast­rabalhacom estamparia digital, que oferece mais opções de cores, mas algumas ainda preferem amáquina rotativa, que rende um resultado mais chapado.

É uma questão de escolha estética. “Às vezes, o resultado esperado é mais artesanal, com menos retículas e, para isso, ainda se usa a rotativa”, afirma Berto. Segundo ela, as duas técnicas hoje têm qualidade e preço similares.

Para Daniela Ray, diretora criativa da Texprima, a estamparia é umdos traços distintivo­s da moda nacional e deixou de ser um detalhe no tecido para assumir um papel protagonis­ta.

“Nossas padronagen­s costumam ser mais abertas e detalhadas. As marcas também valorizam estampas que contam a história da coleção ou que estabelece­m uma ligação afetiva com o consumidor.”

O uso de um tema amar- rando um desfile e uma coleção é relativame­nte recente.

“Antes, estilistas tinham inspiração para as roupas, mas não havia o imperativo de umtema que norteasse tudo”, conta Julian Roberts, professor do Royal College of Art, em Londres.

A ideia de um tema identificá­vel surgiu tanto por motivos mercadológ­icos quanto pela reconhecim­ento da moda como expressão artística. “O público passou a querer se conectar com a mensagem passada pela roupa”, frisa.

Para o especialis­ta, o corte do tecido e o caimento transmitem­mensagens, mas“aforma mais explícita de fazer isso é com uma estampa”. ( JULIANA CUNHA)

 ??  ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil