Folha de S.Paulo

Gasolina fica mais cara 11 dias após o 2 º turno

Petrobras reajusta combustíve­l em 3% nas refinarias

- DO RIO DE SÃO PAULO DE BRASÍLIA

A Petrobras anunciou na noite desta quinta- feira ( 6) reajuste dos combustíve­is em todo o país. A decisão acontece 11 dias depois da reeleição da presidente Dilma Rousseff ( PT). Desde a 0h de hoje, a gasolina está 3% mais cara e o diesel subiu 5% nas refinarias.

O aumento anterior havia sido em 29 de novembro do ano passado. A estatal recebeu há três dias o sinal verde do seu conselho de administra­ção para o reajuste.

O preço nas bombas, que é livre, deverá ser reajustado à medida que novos estoques cheguem aos postos.

Segundo o sindicato dos estabeleci­mentos, o repasse para o consumidor deverá ficar umpouco abaixo do reajuste para as distribuid­oras.

Analistas estimam que a alta terá impacto de 0,11 ponto percentual na inflação, que deve fechar o ano perto de 6,5%, no teto da meta.

Oreajuste, porém, não deve ser suficiente para recuperar o prejuízo da Petrobras, que, até recentemen­te, vendeu combustíve­l no mercado interno abaixo do preço pago no exterior. Segundo o governo, a alta menor deve evitar que a inflação estoure o teto da meta.

Alta não é suficiente para estatal repor perdas com defasagem, mas deve evitar que inflação estoure a meta

Onze dias após as eleições, a Petrobras anunciou umreajuste de 3% no preço da gasolina e de 5% no do diesel nas refinarias. O aumento está em vigor desde a 0h desta sexta- feira ( 7).

Oaumentovi­nha sendo defendido por especialis­tas do setor havia vários meses e chegou a ser tema de campanha — até recentemen­te, a Petrobras vendia no mercado interno combustíve­l por preço menor que o pago pelo produto importado.

A alta, no entanto, não deve ser suficiente para a Petrobras recuperar o prejuízo dos últimos anos com a defasagem dos preços — estimado em R$ 60 bilhões, segundo a corretora Gradual.

O reajuste de ontem fora autorizado pelo ministro Guido Mantega ( Fazenda) em reunião do Conselho de Administra­ção da empresa, na terça. Mantega é presidente do conselho. Na ocasião, não houve acerto sobre o preço.

A Folha apurou que a presidente da Petrobras, Graça Foster, havia feito, no encontro, uma apresentaç­ão que trazia o percentual de 8%.

Segundo o governo, o reajuste menor — chamado internamen­tede“simbólico”— deve evitar que a inflação estoure o teto da meta em 2014.

A consultori­a Gradual estimaque o reajuste terá umimpacto de 0,11 ponto percentual na inflação do ano e pas- sou a prever um IPCA de 6,46% em 2014 — índice próximodot­eto dameta, de6,5%.

O aumento, segundo interlocut­ores do governo, também serve para sinalizar ao mercado um desejo de fortalecer a Petrobras e praticar uma política de preços mais realista no segundo mandato.

Além das dificuldad­es de caixa provocadas pela defasagem de preços, a Petrobras tem sua imagem prejudicad­a pelo escândalo revelado pela Operação Lavo Jato.

As ações preferenci­ais, as mais negociadas, acumulam queda de 17,7% no ano.

Segundo Adriano Pires, presidente do CBIE ( Centro Brasileiro de Infraestru­tura), para a Petrobras reverter o prejuízo acumulado ao longo deste ano com a defasagem de preços, os reajustes precisaria­m ter sido de 20% para a gasolina e para o diesel.

Nas últimas semanas, com a queda do petróleo no mercado internacio­nal, a defasagem foi zerada.

De acordo com Pires, após o reajuste, a gasolina deve ficar 3% mais cara no Brasil do que no golfo americano, enquanto o diesel fica com preço equivalent­e. NA BOMBA O preço nas bombas, que é livre, deverá ser reajustado à medida que novos estoques de combustíve­l cheguem aos postos.

O presidente do Sincopetro ( sindicato dos postos), José Alberto Gouveia, estima que o repasse para o consumidor fique “um pouco abaixo” do reajuste aplicado nas refinarias.

“No aumento anterior, que foi de 4% [ em 29 de novembro de 2013], o repasse na bomba foi de cerca de 3%.” ( SAMANTHA LIMA, JOANA CUNHA, MACHADO DA COSTA E VALDO CRUZ)

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