As peripécias administrativas de Haddad
Arbitrariedade, amadorismo e incompetência resumem a principal ação de mobilidade da prefeitura em uma cidade de 11 milhões de habitantes
Os paulistanos que percebem amadorismo em vez de empreendedorismo, trapalhadas confundidas com pioneirismo e, principalmente, incompetência na gestão pública no lugar de inovação são categorizados como pessimistas e arrogantes em suas avaliações sobre a gestão de Fernando Haddad.
O prefeito de São Paulo está longe de ser o administrador de vanguarda e de fazer a “virada civilizatória” de que a cidade precisa.
Uma gestão que corta em 40% o orçamento da Assistência e Desenvolvimento Social, que não fiscaliza prestadores de serviço e serve merenda estragada nas creches, que põe fim à inspeção veicular — que diminuiu em até 30% a poluição na cidade—, que estimula as invasões de área privada como forma de obter moradia popular e que é letárgica até na entrega de uniformes aos alunos da rede municipal pode ser considerada qualquer coisa, menos inovadora.
O prefeito ganhou a eleição vendendo a imagem do novo, mas só adota velhos hábitos de gestão. Desde seu primeiro ano, essa administração municipal foi marcada pelo aumento da máquina pública e dos gastos com salários. Fernando Haddad criou nada menos do que cinco secretarias, uma subprefeitura e mais de 1.200 cargos.
Haddad repetiu não apenas a prática do aumento de impostos, mas também a retórica mentirosa de que o reajuste recairia apenas sobre os ricos. A sociedade paulistana não aceitou o brutal e descabido aumento do IPTU, por exemplo.
As peripécias da gestão Haddad não pararam por aí. Nas questões de mobilidade, mais uma vez estamos aquém do que se espera. Em 2013, a Frente Parlamentar da Mobilidade Humana ( da qual sou proponente e presidente) realizou na Câmara Municipal o seminário “A bicicleta emSão Paulo: políticas públicas para transformar a cidade”, que contou com a presença da exsecretária de Transportes de Nova York Janette Sadik- Khan.
Antes de começar o festival de improvisos para a implantação das ciclovias em São Paulo, a responsável pela instalação de 587 km de ciclovias em sete anos na mais populosa cidade dos Estados Unidos, veio aqui nos contar como fez. Aprefeitura nem sequer mandou um representante ao seminário. E foi a cidade de São Paulo que perdeu!
A secretária nos contou que em Nova York todo o processo foi per- meado pelo diálogo e pela opção por ciclovias que interligassem modais de transporte. Foram mais de 2.000 encontros por ano, para discutir com moradores as rotas das ciclovias e outros projetos. Reuniões eram feitas nas casas das pessoas e até mesmo nas calçadas, tudo isso para esclarecer dúvidas, encontrar alternativas e ouvir as impressões da população.
Comparado ao projeto em curso nas vias paulistanas, o modelo de Nova York tem duas claras diferenças: a qualidade da infraestrutura oferecida ao ciclista e a maneira de lidar com as críticas.
Arbitrariedade, amadorismo e incompetência resumem a principal ação de mobilidade em uma cidade de 11 milhões de habitantes e 1.530 km2 de área abrangida.
Não sou contra as ciclovias, mas enquanto forem praticadas políticas desconexas, não será uma lata de tinta que vai mudar a opção por modal nesta ou em qualquer outra cidade do mundo.
A despeito do que qualquer entusiasta possa dizer, o prefeito Fernando Haddad ainda não conseguiu nos mostrar a que veio e já tenta nos impingir a ideia de que o problema de São Paulo é o próprio paulistano, que não aceita mudanças.
Não é! São Paulo requer uma administração criativa, competente, empreendedora e comprometida com as leis e os avanços.
FLORIANO PESARO, 46, é sociólogo, vereador em São Paulo e líder da bancada do PSDB, é deputado federal eleito
Novo governo Antes que comecem os aumentos de preços, apagões, novas tarifas de concessionárias e mais políticos brigando por ministérios, cargos e verbas, gostaria de saber onde posso comprar passagens para o Brasil prometido pela presidente Dilma Rousseff durante a campanha eleitoral.
CARLOS GASPAR ( São Paulo, SP)
Votei em Aécio Neves e quase fiquei doente com a derrota. Acho, contudo, que o mineiro está esperneando demais (“Para Aécio, diálogo depende de investigações”, “Poder”, 6/ 11). Se quiser ser o grande nome da oposição para a eleição de 2018, creio que ele deve lamber as feridas altivo e se lançar a uma agenda mais propositiva, começando por resolver o sério problema que tem com os eleitores de seu Estado. Simples assim.
JOAQUIM QUINTINO FILHO
( Pirassununga, SP) CPI da Petrobras Dilma precisa provar o que tanto repetiu na campanha: determinar a apuração do Petrolão, anulando acordo de PT e tucanos (“PT e tucanos fazem acordo na CPI para livrar citados”, “Poder”, 6/ 11), determinando a convocação de Gleisi Hoffmann, João Vaccari Neto e Leonardo Meireles, entre outros, e colocandose à disposição para depor. E, de quebra, convencendo o ex- presidente a depor também.
ADDY FÉLIX DE CARVALHO ( Jandira, SP) Mercadante Sobre as notas “Pai...” e “.. da ideia” (“Painel”, 6/ 11), o ministro Aloizio Mercadante informa que considera Arthur Chioro um excelente ministro da Saúde e jamais defendeu sua substituição. Reconhece também que José de Filippi Jr. é um ótimo secretário de Saúde. Quanto a Jaques Wagner, o ministro o avalia como um quadro extraordinário, que terá papel de destaque no novo governo. Para Mercadante, compete exclusivamente à presidenta Dilma a decisão sobre troca de ministros. Além disso, Mercadante afirma: “Quem tem candidatura a ministro que a defenda. Não se esconda atrás de mim”.
DANILO MOLINA, assessor de comunicação social da Casa Civil da Presidência da República ( Brasília, DF)
Crise da água Em relação ao comentário de Paulo Hase ( Painel do Leitor, 6/ 11), vale esclarecer que a ampliação do tratamento de esgoto nas cidades atendidas pela Sabesp, ocorrida nos últimos anos, tem resultados claros. A mancha de poluição do rio Tietê recuou 70%, conforme atesta estudo da Fundação SOS Mata Atlântica. A qualidade da água do rio Jundiaí melhorou tanto que ele poderá ser usado para abastecimento público. Neste ano, a Sabesp será a primeira empresa do Brasil a universalizar o tratamento de esgoto nas sedes das cidades atendidas no interior do Estado.
CARLOS ALENCAR, assessor de comunicação da Sabesp ( São Paulo, SP)
ONS A reportagem “Se não chover, país terá cortes de energia no verão” (“Mercado”, 5/ 11) é alarmista e não corresponde ao definido no Programa Mensal de Operação. O ONS não confirmou nenhum alerta ao setor. O atendimento à demanda de ponta em novembro está assegurado por medidas operativas. O atendimento no verão, quando a carga se eleva com altas temperaturas, é analisado mês a mês, com previsões atualizadas das afluências no período úmido. Segundo os institutos de meteorologia, o período chuvoso será dentro da normalidade. O ONS não cogita cortes seletivos de energia em janeiro e fevereiro. Não tem fundamento que essa medida será necessária se não for atingido o patamar de 30% em janeiro. A suspensão do fornecimento durante a madrugada para cidades do Sudeste não está prevista e não tem fundamento técnico.
HERMES CHIPP, diretor- geral do Operador Nacional do Sistema Elétrico - ONS ( Rio de Janeiro, RJ)
RESPOSTA DO JORNALISTA MACHADO DA COSTA - A Folha reafirma as informações publicadas. As ressalvas levantadas na carta estão contempladas na reportagem. Manifestações Na democracia, temos o direito de nos manifestarmos ( e por que não?) a favor da volta da benfeitoria militar no Brasil, uma vez que ela de certo modo impediu que nosso país se transformasse numa enorme Cuba. Censurar uma pessoa por emitir uma opinião a favor de uma intervenção militar é antidemocrático, além de patrulhamento ideológico, que fere a Constituição, que permite à pessoa ter a liberdade de expressar seu pensamento.
REINNER CARLOS DE OLIVEIRA
( Araçatuba, SP) PEC da bengala Muito oportuna a coluna do Elio Gaspari (“O Supremo e o bolivarianismo”, “Poder”, 5/ 11), sobretudo porque não se trata de petista! Quanto à aposentadoria compulsória, estou perfeitamente de acordo que seja aos 70 anos. Acho importante que os ministros do Supremo, além de formação jurídica sólida e de reputação ilibada, sejam mais jovens. Sou professora universitária aposentada na compulsória, pela Unesp ( Universidade Estadual Paulista), e ainda continuo contribuindo na medida de minhas possibilidades à universidade à qual dediquei quase 42 anos de minha vida. Acho que isso pode aplicarse aos ministros do STF. Devemos dar lugar a novas gerações. Como disse a funcionária do Detran, “juízes não são deuses”.
MARIA CECILIA PEREIRA BINDER
( Botucatu, SP)
A chamada PEC da bengala, que posterga a aposentadoria compulsória aos 70 anos para os 75 anos, é uma medida benfazeja. A vida é uma questão biológica, e não cronológica. A nação não pode perder tantos talentos ainda lúcidos aos 70 anos.
CAMILA ODA ( São Paulo, SP)