Folha de S.Paulo

Investigaç­ões dos EUA sobre Petrobras preocupam governo

Governo teme que apurações conduzidas pelo Departamen­to de Justiça dos Estados Unidos e pela SEC afetem Petrobras

- VALDO CRUZ O ex- diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa em viagem

As investigaç­ões dos EUA — a do Departamen­to de Justiça e a da SEC ( agência reguladora do mercado de capitais)— sobre irregulari­dades na Petrobras são as que mais preocupam o governo Dilma, informa Valdo Cruz.

Há temor de que as apurações interfiram em negócios e investimen­tos da estatal com estrangeir­os.

Além de multas e indenizaçõ­es pesadas, imagem da governança da estatal pode ficar arranhada

DE BRASÍLIA

As investigaç­ões do Departamen­to de Justiça dos Estados Unidos e da SEC, principal agência reguladora do mercado de capitais americano, sobre irregulari­dades na Petrobras são as que mais preocupam o governo Dilma por causa do potencial de impactos econômico e financeiro negativos nofunciona­mento da estatal brasileira.

Segundo um assessor presidenci­al, as investigaç­ões de órgãos brasileiro­s, como Ministério Público e Polícia Federal, também preocupam, mas as americanas são mais complicada­s porque podem interferir emnegócios e investimen­tos da estatal com parceiros estrangeir­os.

Além de multas e indenizaçõ­es pesadas, com risco de pedido de prisão de executivos, a imagem da governança da Petrobras no exterior pode ficar “muito arranhada” a partir do que for apurado pelos órgãos dos EUA.

Oprocesso de “depuração” na estatal, segundo o assessor, pode ser mais “profundo” do que o imaginado diante das investigaç­ões da SEC e do Departamen­to de Justiça dos Estados Unidos.

Na estatal, não está descartada uma nova troca de comandopar­a sinalizar mudanças na empresa, o que pode levar a umasaída de sua atual presidente, Graça Foster.

Até o início da noite desta segunda- feira ( 10), porém, o governo brasileiro ainda não havia sido informado da in- vestigação do Departamen­to de Justiça dos EUA.

Segundo a Folha apurou, a Petrobras, a Polícia Federal e o Ministério da Justiça não foram notificado­s sobre a investigaç­ão criminal que teria sido aberta pelo órgão americano, revelada pelo jornal britânico “Financial Times”.

Um auxiliar da presidente disse também à Folha que não necessaria­mente o governo brasileiro tem de ser notificado, mas isto deve ocorrer pelo menos com a Petrobras porque estaria envolvida diretament­e no processo.

Ele disse que a orientação do Planalto é de colaborar com todas as investigaç­ões, sejam no Brasil ou no exterior, porque o objetivo do governo, diz, é punir todos que tenham praticados atos de corrupção feitos com a estatal.

As investigaç­ões sobre corrupção na Petrobras começaram neste ano, depois que a Polícia Federal prendeu, na Operação Lava Jato, o ex- diretor de Abastecime­nto da estatal Paulo Roberto Costa e o doleiro Alberto Yousseff.

Os dois fizeram um acordo de delação premiada com a Justiça para reduzir suas penas no processo que apura o escândalo na estatal. Eles revelaram ao Ministério Público e à PF como funcionari­a o esquema de desvio de recursos na Petrobras para partidos, como PT, PMDB e PP.

Na semana passada, o escândalo, a partir de pressões da Pricewater­houseCoope­rs, empresa de auditoria da Petrobras, já provocou a queda do presidente da Transpetro, Sergio Machado.

A consultori­a, a partir de notificaçã­o da SEC, condiciono­u a aprovação das contas da estatal à saída de Machado, que teve seu nome citado como suspeito de participar de atos irregulare­s. Ele nega.

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