Líder de entidade sul- americana critica exclusão de Cuba de fórum
Samper, da Unasul, pede que país seja convidado para evento em abril
O secretário- geral da Unasul ( União de Nações Sul-Americanas), Ernesto Samper, criticou nesta segunda ( 10) a eventual ausência de Cuba na próxima Cúpula das Américas, prevista para abril de 2015, no Panamá.
“É como alguém fazer uma reunião e deixar de convidar um membro da família. Sempre haverá uma sensação de vazio e rejeição”, disse à Folha, após reunião com a presidente Dilma Rousseff.
O país anfitrião do encontro já convidou a ilha cubana, mas os Estados Unidos se opõem à decisão. Algumas nações sul- americanas ameaçam boicotar o encontro caso a ausência se confirme.
“Essa é uma decisão soberana, que eu respeito. Mas creio que a motivação de que Cuba deve estar nesses fóruns é válida”, afirmou Samper.
Aimportância das relações entre os países do continen- te foi justamente o tema abordado no encontro do secretário- geral com Dilma.
Para Samper, é preciso dar ênfase a três aspectos em especial: inclusão social, aumento da competitividade e garantia da estabilidade da democracia na região.
“Não temos que sair a buscar em outras partes do mundo nossas possibilidades de desenvolvimento. Ofuturo da América do Sul está dentro da América do Sul, com as possibilidades de crescimento do comércio intrarregional”, afirmou.
Segundo ele, a presidente “mostrou- se muito entusiasmada em cooperar para o sucesso desses objetivos”. Samper ponderou ainda que o Brasil será o “grande articulador do nosso equilíbrio regional” nos próximos anos.
Questionado sobre a atitude brasileira em relação à crise na Venezuela, ele destacou a “abertura de um diálogo” entre governo e setores da oposição, promovido por missão de chanceleres da Una- sul, entre eles o do Brasil.
“A Venezuela não é um país problemático, é um país com problemas, o que é distinto”, argumentou.
DESAFIO
Ex- presidente da Colômbia ( 1994- 1998), Samper afirmou ainda estar otimista com o processo de paz entre o governo do atual presidente Juan Manuel Santos e as Farc ( Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia).
Mas o secretário- geral da Unasul argumenta que, superada essa fase, haverá outro desafio a ser solucionado.
“Neste momento começa o problema mais complicado: como construir um país que aprenda a solucionar suas diferenças por meio da convivência e não da violência. (...) Para isso é preciso utilizar três elementos: a verdade, a reparação e a justiça.”
Em meio século, o conflito armado no país vizinho deixou, de acordo comdados oficiais, 220 mil mortos, em sua maioria civis.