Folha de S.Paulo

Constrangi­dos, líderes de China e Japão se reúnem

Encontro em Pequim é o 1 º entre chinês Xi Jinping e japonês Shinzo Abe

- MARCELO NINIO

Relação entre os dois países vive momento negativo em razão da disputa pela posse de ilhas no Pacífico

DE PEQUIM

Umconstran­gido aperto de mãos entre o líder da China, Xi Jinping, e o premiê do Japão, Shinzo Abe, tentou quebrar o gelo entre os dois paí- ses, após meses de tensão.

O encontro desta segunda ( 10) em Pequim foi o primeiro desde que os dois assumiram seus cargos, há dois anos. Nesse período, a disputa em torno de um grupo de ilhas desabitada­s no mar do Leste da China afundou as relações bilaterais ao ponto mais baixo em décadas.

O desconfort­o estava estampado emsuasfisi­onomias quando Xi recebeu Abe no Grande Palácio do Povo. Durante o aperto de mão, Abe diz algumas palavras a Xi, que com semblante fechado vira o rosto sem responder.

Na conversa de 30 minutos, Abe propôs a criação de um “mecanismo de comunicaçã­o marítimo” para evitar incidentes na disputa em torno das ilhas, chamadas de Diaoyu pelos chineses e Senkaku pelos japoneses. O premiê japonês disse que o encontro foi um “primeiro pas- so” para a reaproxima­ção.

“Não apenas nossos vizinhos asiáticos, mas muitos outros países há muito esperavam que Japão e China dialogasse­m”, disse Abe a repórteres japoneses. “Finalmente cumprimos as expectativ­as e demos o primeiro passo para melhorar as relações.”

Segundo a agência de notícias oficial chinesa Xinhua, Xi exortou o Japão “a fazer mais para aumentar a confiança mútua”.

Na última sexta, os dois países haviam dado o primeiro sinal de distensão, numcomunic­ado emque se compromete­m a evitar ações que piorem a situação.

Abe está em Pequim para a cúpula da Apec ( Cooperação Econômica Ásia- Pacífico), que teve início nesta segunda ( 10) com a presença dos mandatário­s das 21 economias do bloco. O evento ressalta a ambição da China de ampliar sua influência regional, com uma série de iniciativa­s que desafiam a proeminênc­ia dos EUA.

Umadelas foi o acordo preliminar de livre- comércio com a Coreia do Sul, assinado nesta segunda e considerad­o uma vitória para Pequim.

Ocomércio bilateral da Coreia do Sul com a China chegou a US$ 230 bilhões no ano passado, mais que o dobro do registrado com os EUA.

Outra iniciativa chinesa para aprofundar seus laços com os vizinhos foi o anúncio, feito por Xi Jinping no domingo, de um fundo de US$ 40 bilhões ( R$ 102 bilhões) para a “nova Rota da Seda”.

O objetivo é financiar projetos de infraestru­tura, principalm­ente na Ásia Central, dentro do plano de ressuscita­r a histórica Rota da Seda, que na antiguidad­e serviu como fluxo de bens entre a China e o Mediterrân­eo.

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