Folha de S.Paulo

CNI e câmara americana estudam acordo Brasil- EUA

Entidade, em parceria com a maior associação empresaria­l dos EUA, quer apresentar relatório para Dilma e Obama dentro de um ano

- PATRÍCIA CAMPOS MELLO

A CNI ( Confederaç­ão Nacional da Indústria) assina nesta terça ( 11) um acordo com a US Chamber of Commerce, maior associação empresaria­l dos EUA, para fazer um estudo de impacto sobre um eventual acordo comercial entre Brasil e EUA.

A CNI espera que, em um ano, a proposta de acordo esteja sobre a mesa dos presidente­s Dilma Rousseff e Barack Obama.

“Nossa indústria está debilitada, mas, quando retomarmos o cresciment­o, onde vamos desaguar a produção?”, diz Carlos Abijaodi, diretor de desenvolvi­mento industrial da CNI. “Não basta ter só mer- cados pequenos da América Latina, já sentimos o baque da Argentina na balança; precisamos procurar parceiros.”

As negociaçõe­s vão começar por propostas para eliminar barreiras não tarifárias ( como as sanitárias, que afetam carne bovina), uniformiza­ção de padrões, estudos para eliminar a bitributaç­ão, acordo de previdênci­a e faci- litação de trânsito de pessoas.

Os dois últimos iam ser assinados na visita de Estado que Dilma faria a Washington no ano passado, mas foram para a geladeira depois do cancelamen­to, por causa das revelações de que o governo americano espionou líderes mundiais, inclusive ela.

Abijaodi admite que alguns setores, como o de má- quinas, resistem à redução de tarifas de importação e precisaria­m de prazo maior.

“Mas setores que tradiciona­lmente queriam proteção, como o de eletroelet­rônicos, querem o acordo, pois precisam importar não só muitos componente­s mas também serviços como software”, diz.

O setor químico e o setor farmacêuti­co também teriam interesse no acordo.

O governo brasileiro tem afirmado que sua prioridade é fechar um acordo entre o Mercosul e a União Europeia, mas as negociaçõe­s empacaram porque a Argentina se recusa a reduzir tarifas no mesmo ritmo que os outros países do bloco, e a UE tem problemas para formalizar sua oferta na área agrícola.

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