Folha de S.Paulo

46% não esperam contar com Previdênci­a, diz pesquisa

Segundo levantamen­to da CNI, só 30% dos que não se aposentara­m afirmam que viverão apenas do benefício

- SOFIA FERNANDES

O brasileiro que ainda não se aposentou espera contar menos com a previdênci­a pública em sua velhice do que quem já recebe o benefício.

Pesquisa inédita encomendad­a pela CNI ( Confederaç­ão Nacional da Indústria) mostra que 46% dos brasileiro­s afirmam que não contarão em nada com o INSS para se manter na velhice.

Dos entrevista­dos, 13% acreditam que, para garantir o sustento na terceira idade, vão ter que trabalhar. Outros 10% esperam contar exclusivam­ente com recursos próprios, como rendimento de poupança e aluguéis.

A expectativ­a de sustento dos que ainda não se aposentara­m contrasta com a realidade atual. Entre os brasileiro­s aposentado­s que participar­am da sondagem, somente 15% afirmaram se sustentar apenas com outras fontes de rendimento que não fosse a aposentado­ria do INSS.

Segundo a pesquisa, 82% recebem o benefício e, dentro desse universo, 3 em cada 4 dizem viver exclusivam­ente dele ( ou 59% do total em idade para se aposentar).

Para Flávio Castelo Branco, gerente- executivo de Política Econômica da CNI, o brasileiro não está abrindo mão do benefício, mas enxergando o limite do sistema.

Segundo ele, o nível educaciona­l da população au- mentou, e o acesso a outras formas de aposentado­ria, como a previdênci­a privada, foi facilitado nos últimos anos.

Entre os brasileiro­s com educação superior que ainda não se aposentara­m, 36% pretendem dispor da renda de recursos próprios para bancar a vida na velhice e 18% do complement­o de uma previdênci­a privada.

Foram entrevista­das para a pesquisa 2.002 pessoas, de todos os matizes sociais, que contribuem ou não para a Previdênci­a Social. O levantamen­to foi feito entre 13 e 15 de junho, em 142 cidades.

Entre os brasileiro­s que ainda não se aposentara­m, 58% contribuem para o INSS, seja como empregado de carteira assinada ( 40%), autônomo ( 15%) ou empresário ( 3%). Os dados são compatívei­s comopercen­tual dos que esperam se aposentar pelo INSS ( 54%, na pesquisa). CORTES Para Castelo Branco, é saudável que o brasileiro faça provisões complement­ares e suplementa­res à previdênci­a pública, o que teria efeito positivo na redução de gastos.

Esse movimento elevaria a poupança do país, deixando margem para aumentar as taxas de investimen­to. “Reforma da Previdênci­a tem duplo papel: usar recursos da Previdênci­a para alavancar investimen­to e possibilit­ar mais cresciment­o”, afirma.

Areforma voltou com mais força à agenda política após a sinalizaçã­o da presidente Dilma Rousseff de que será preciso enxugar despesas da Previdênci­a no esforço de pôr as contas públicas no azul.

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A maioria dos aposentado­s entrevista­dos pela pesquisa diz se manter só com pagamento do INSS* * 2.002 pessoas participar­am da pesquisa em 142 cidades, entre 13 e 15 de junho

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