Folha de S.Paulo

Novo plano irrita Azul e afeta Embraer

Empresa aérea ameaça cancelar pedido de aviões da fabricante brasileira e faz ações da Embraer cair 4,12%

- MARIANA BARBOSA

Mudança proposta pelo Congresso na aviação regional retira limite máximo de lugares que receberão subsídios

A Azul diz que vai cancelar um pedido de US$ 1,9 bilhão com a Embraer caso o novo Plano de Desenvolvi­mento da Aviação Regional seja aprovado com as emendas propostas pelo Congresso.

O alvo da discórdia, que tem colocado a Azul e as demais companhias aéreas em lados opostos, é o fim do limite do número de assentos a serem subsidiado­s.

A proposta original, enviada pelo Executivo por meio de MP, previa subsídios para 50% dos assentos disponí- veis, até o limite de 60. O novo texto preserva os 50%, mas não estabelece limites. Assim, aviões com capacidade superior a 120 assentos ( caso dos Boeings e Airbus usados por Gol, TAM e Avianca) receberão subsídios por um número maior de lugares.

Na proposta original, os subsídios seriam concedidos por tipo de avião e os modelos 170/ 175 e 190/ 195 da Embraer receberiam mais subsídios por passageiro­s do que aviões maiores ou mesmo de menor porte. Entre as quatro principais companhias do país, só a Azul voa Embraer e seria a maior beneficiad­a.

Em seu parecer, o senador Flexa Ribeiro argumenta que o fim do limite de 60 assentos, bem como o fim da diferencia­ção por tipo de aeronave, cria condições iguais para todas as empresas aéreas.

O texto original não impe- dia TAM, Gol e Avianca de receber subsídios. Ele só reservava umafatia maior de recursos por passageiro para aviões do porte dos jatos Embraer.

Com a ameaça da Azul de não confirmar um pedido de 30 jatos ( modelo E2), as ações da Embraer caíram 4,12% nesta segunda ( 10), a maior queda no Ibovespa. “Sem o limite de assentos, seremos forçados a rever nosso plano de frota”, disse o presidente da Azul, Antonoaldo Neves.

A companhia também ameaça cortar voos emdez cidades até o fim de 2015.

‘ ANTIRREGIO­NAL’

ParaNeves, as emendastor­naram o plano “antirregio­nal”. “As concorrent­es não querem fazer aviação regional, mas pegar umaparte ainda maior dos recursos da aviação regional para lucrar mais na aviação que fazem hoje.”

Por ser a empresa com maior participaç­ão de mercado em rotas regionais, a Azul deve receber cerca da metade dos R$ 400 milhões a R$ 500 milhões que seriam desembolsa­dos pelo governo em subsídios só em 2015. TAM, Gol e Avianca dividiriam o restante.

Para a presidente da TAM, Cláudia Sender, a mudança no texto não deve desincenti­var o uso de aviões da Embraer. “O plano não mata o avião pequeno. Ele vai fazer com que a aeronave correta seja usada no mercado correto”, diz ela, lembrando que a TAM preferia que o estímulo fosse feito por meio da redução de custos e não via subsídios nas passagens.

Assim como Sender, o diretor de relações institucio­nais da Gol, Alberto Fajerman, considerou positivas as alterações ao projeto.

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Edilson Lima 9. jan. 2014/ Ag. A Tarde/ Folhapress Jato da Azul, fabricado pela Embraer, taxia em Salvador

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