Folha de S.Paulo

Livro narra feitos inéditos do barão de Munchaunse­n

Edição dobra histórias originais do personagem inspirado em militar alemão

- RAQUEL COZER

Com ilustraçõe­s de Rafael Coutinho, obra inclui peripécias como a criação de uma ponte da África à Inglaterra

COLUNISTA DA FOLHA

As incríveis peripécias do barão de Munchausen renderam, ao longo de 200 anos, frutos tão díspares quanto umfilme do ex- Monty Python Terry Gilliam, de 1988, e uma síndrome cujos acometidos impingem doenças a si mesmos para chamar a atenção.

No Brasil, as aventuras do personagem, relatadas pelo alemão Rudolf Erich Raspe ( 1736- 1794), já tiveram edições com ilustraçõe­s de Gustave Doré e com traduções de nomes ilustres como Tatiana Belinky e Orígenes Lessa.

Faltava por aqui uma edição que fizesse jus à grandiosid­ade dos empreendim­entos vividos pelo militar que, para citar algumas poucas iniciativa­s, se embrenhou no centro da Terra, viajou à Lua e usou um balão gigantesco para transporta­r um palácio.

“As Surpreende­ntes Aventuras do Barão de Munchausen - Em 34 Capítulos”, que a Cosac Naify põe agora nas livrarias, tenta suprir essa lacuna numvolume que prova- velmente deixaria satisfeito Karl Friedrich Hieronymus von Münchhause­n ( 17201797), personagem real cujos relatos absurdos inspiraram a clássica narrativa de viagens assinada por Raspe.

É uma publicação majestosa desde o visual: em vez dos tradiciona­is 14 x 21 cm de largura e altura, a edição tamanho família tem 23 x 33 cm, em capa dura, com 47 ilustraçõe­s de Rafael Coutinho, que recorreu a técnicas como lápis de cor e nanquim.

O maior diferencia­l, no entanto, é que metade da história, agora traduzida por Claudio Alves Marcondes, nunca tinha sido editada no Brasil.

Como explica Isabel Lopes Coelho, diretora de infantojuv­enil da Cosac Naify, até hoje as versões nacionais tinham contemplad­o só as 17 histórias publicadas originalme­nte por Raspe, em 1785.

Mas, numa época em que a propriedad­e intelectua­l não era levada a sério, logo surgiram episódios assinados por outros autores. Com a ajuda desses “nobres cavalheiro­s”, como avisa a edição da Cosac Naify, os relatos totalizam 34.

“O livro tem essa mitologia. Raspe publicou as 17 histórias, e aí a história começa a ser modificada. O interessan­te é que o barão se sobressai ao criador, ganha vida de personagem quase autônomo, folclórico”, diz ela.

Nas novas aventuras, o barão de Munchausen, sempre com ar de espanto diante de seus tão nobres feitos, constrói uma ponte da África à Inglaterra e enfrenta uma tempestade de “dez mil milhares de biscoitos de nata, bolachas” e outras guloseimas.

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