Folha de S.Paulo

Alexandre, o Médio

- NIZAN GUANAES NIZAN GUANAES, publicitár­io e presidente do Grupo ABC, escreve às terças, a cada 14 dias, nesta coluna.

ABRI UMA agencia focada no chamado “middle market”. Não vou dizer o nome aqui para não ser acusado de fazer publicidad­e. Publicidad­e? Eu?

Umdos focos da agência são empresas médias que querem ser grandes. Gente que fatura 100 milhões e quer faturar 1 bilhão. Gente que emprega mil e quer empregar 5 mil. Gente que está crescendo e criando empregos, riqueza e caminhos. Gente que tem sonho grande.

Crescer é destino. Fazemos isso antes mesmo de nascer. O ser humano é o paradigma do cresciment­o. Do óvulo a Steve Jobs. Ninguém deseja ser “Alexandre, o Médio”.

Eu amo meus conterrâne­os Jorge Amado e Dorival Caymmi, mas não dá para ser Gabriela na vida, nem na pessoa física nem na jurídica. Nada de eu nasci assim, eu cresci assim, eu sou mesmo assim, vou ser sempre assim. A marca do tempo é a mudança. A marca do sucesso é a mudança. Mudar é crescer.

As empresas, como as pessoas e os países, precisam mudar para crescer. Mas a transição do médio para o grande pode ser amedrontad­ora num ambiente de negócios tão difícil quanto o brasileiro, com essa carga pesada e caótica de tributos e uma teia burocrátic­a e normativa que podem dar vontade de desistir.

Mas não desista. O sonho grande é a saída para esses momentos difíceis. Ele é a causa capaz de mobilizar seu time e derrotar seus pesadelos.

É o sonho do chinês que sustenta o desenvolvi­mento chinês. É o so- nho americano que inspira o sonho dos americanos. A aspiração pessoal do chinês e do americano conectou- se de alguma forma à aspiração nacional desses países, e todos saem ganhando.

O Brasil precisa formular esse sonho grande e essa conexão. As empresas são excelentes formulador­as e conectoras. Há muito a fazer da porteira para fora, mas também da porteira para dentro.

Deus quando criou o Brasil não pensou pequeno. Grandeza é destino. Nosso país já criou algumas

O ser humano é o paradigma do cresciment­o; do óvulo a Steve Jobs; ninguém quer ser ‘ Alexandre, o Médio’

das maiores e melhores empresas do mundo, que dão orgulho a qualquer país. Ambev, Itaú, Bradesco, Embraer e Natura são exemplos de nossa capacidade de crescer e de criar marcas. São provas do que podemos.

Mas é preciso sonho grande e atitude. Atitude de criar uma causa e também uma marca. O vinho brasileiro melhorou muito, mas, se o consumidor não conhecer marcas fortes de vinhos nacionais, eles terão menos chance de competir e menos fôlego para crescer. As empresas precisam de marcas para ganhar mercado e valor. Construção de marca também significa construção de preço. Preço é receita, e receita é a comida das empresas.

Eu sou otimista com o Brasil desde o tempo em que não havia motivo para ser otimista com o Brasil. E desde então já avançamos muito. Temos hoje um mercado consumidor enorme, um dos maiores do mundo, com dezenas de milhões de novos entrantes a demandar produtos e serviços em mais quantidade e com mais qualidade. Temos esse mercado cativo e reservas e forças produtivas que, juntos, formam base sólida para a retomada da confiança e do cresciment­o.

O caminho do médio para o grande é o caminho do Brasil — de um país de renda média para um país de renda alta, de um país de desenvolvi­mento médio para um de alto desenvolvi­mento.

Para seguir esse cresciment­o, o Brasil precisa partir das commoditie­s para o valor agregado. E valor agregado é marketing combinado com inovação tecnológic­a mais tudo aquilo que se encaixa na sua cadeia de valor, com benefícios tangíveis e intangívei­s como o marketing.

Oque está aparecendo de empresa nova nesse país é uma verdadeira loucura. Elas precisam de culturas e marcas fortes, e me dá enorme prazer e inspiração a esta altura da minha vida profission­al construir com elas esse caminho.

O Brasil e boa parte do mundo, desenvolvi­do e emergente, passam por fase ainda frágil de recuperaçã­o econômica. Este é um momento importante diante do qual não se pode fraquejar nem perder de vista as oportunida­des que nosso país e o mercado global apresentam.

Quem pensar pequeno vai se apequenar.

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Julio Meiron

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