Folha de S.Paulo

Justiça de SP abre ação contra 12 rés no caso dos trens

Juiz acata denúncia do Ministério Público e torna rés 11 empresas e a CPTM

- ALEXANDRE ARAGÃO DE SÃO PAULO O promotor estadual Marcelo Milani, um dos autores da ação

A Justiça aceitou denúncia da Promotoria e abriu uma ação civil contra 11 empresas acusadas de cartel em contratos com a Companhia Paulista de Trens Metropolit­anos nos governos Alckmin ( PSDB) e Lembo, de 2002 a 2007. A CPTM também se tornou ré. Apenas a Siemens admitiu o cartel.

Promotores pedem dissolução de empresas acusadas de fraudar licitações durante os governos do PSDB

O Tribunal de Justiça de São Paulo aceitou denúncia do Ministério Público paulista e iniciou ação civil pública contra 11 empresas acusadas de promover cartel para a obtenção de contratos com a CPTM ( Companhia Paulista de Trens Metropolit­anos). A estatal também tornou- se ré.

Proposto em dezembro passado, o processo foi aceito no dia 3 de março pelo juiz Marcos Pimentel Tamassia.

Os quatro promotores que assinam o pedido requereram, a princípio, que as companhias sejam dissolvida­s porque “não agiam com probidade e boa- fé na consecução dos contratos [ com a CPTM]”, segundo a petição.

Além disso, o Ministério Público requer que os contratos com as empresas sejam anulados, e que os valores sejam devolvidos ao Estado acrescidos de 30% a título de indenizaçã­o por dano moral coletivo. A soma total gira em torno de R$ 418 milhões.

Ainda em dezembro, no entanto, o juiz argumentou que os motivos expostos não eram suficiente­s para encerrar as empresas, e disse que o Ministério Público deveria refazer a ação. Após esses procedimen­tos — e acatada a ação civil pública—, as companhias serão citadas formalment­e e poderão apresentar suas defesas ao tribunal.

O processo diz respeito ao período entre 2002 e 2007, quando o Estado foi governado pelos tucano Geraldo Alckmin — atual ocupante do cargo— e por Cláudio Lembo. LENIÊNCIA Em 2013, a Siemens — uma das empresas citadas na ação civil pública— fechou acordo de leniência com o Cade ( Conselho Administra­tivo de Defesa Econômica), admitindo a existência do cartel. A multinacio­nal concordou em revelar como operava o esquema em São Paulo e no Distrito Federal entre 1998 e 2008.

Para o promotor Marcelo Milani, um dos que assina o pedido inicial aceito pela Justiça paulista, o acordo tem valor apenas no âmbito administra­tivo e não impede que a Siemens seja punida por meio da ação proposta.

“Funcionári­os da Siemens admitiram que houve cartel”, diz Milani à Folha. Para ele, provas e depoimento­s prestados no acordo com o Cade podem ser usados pelo Minis- tério Público para fazer prevalecer a tese de que as empresas devem ser fechadas.

A CPTM foi contatada na noite desta sexta- feira ( 20) e, por meio de sua assessoria, afirmou que aguardará a decisão final da Justiça.

Em outras ocasiões, a Sie- mens ressaltou que os resultados de sua auditoria interna deram início à investigaç­ão e que “sempre desejou” seu esclarecim­ento.

Também são rés no processo as empresas Alstom, Bombardier, a espanhola CAF — e sua filial brasileira—, a Mit- sui e a Temoinsa. Completam a lista as companhias Tejofran, MPE, TTrans e MGE.

Alstom e a Ttrans já negaram envolvimen­to com práticas ilícitas. A Folha não conseguiu contato com a Temoinsa. Demais firmas não comentaram o caso no passado.

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Fabio Braga - 6. ago. 2013/ Folhapress

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